Coreia do Sul recicla 97,5% dos resíduos alimentares com sistema inovador de cobrança

A Coreia do Sul alcançou um marco significativo em seu sistema de reciclagem de resíduos alimentares, atingindo 97,5% de reciclagem em 2022, um salto de apenas 2,6% em 1996. O país implementou tecnologias como máquinas de pesagem automatizadas e um sistema de cobrança por peso, além de multas rigorosas para o descarte inadequado de resíduos.

Yuna Ku, jornalista da BBC, relata que, em seu condomínio em Seul, os moradores pagam para descartar restos de comida em máquinas equipadas com sensores. O professor Jae-Cheol Jang, do Instituto de Agricultura da Universidade Nacional de Gyeongsang, destaca que a Coreia do Sul processa cerca de 4,56 milhões de toneladas de restos de alimentos anualmente, com 4,44 milhões de toneladas recicladas.

O sistema de reciclagem sul-coreano é resultado de décadas de evolução. A industrialização nos anos 1980 gerou um aumento nos aterros sanitários, levando a protestos e à necessidade de soluções. Em 1995, foi introduzido um sistema de cobrança por volume de resíduos, e em 2005, o descarte de restos de comida em aterros foi proibido.

Funcionamento do Sistema

Atualmente, o sistema de reciclagem oferece três opções principais: uso de sacolas autorizadas, adesivos para comércios e máquinas com tecnologia RFID. As sacolas variam em preço, enquanto os adesivos são colados em recipientes de lixo conforme o peso. As máquinas automatizadas pesam os resíduos e calculam o valor a ser pago, que pode ser cobrado mensalmente.

As multas para descartar resíduos de forma inadequada podem ultrapassar R$ 400 para residências e R$ 41 mil para empresas. Jang ressalta que os resíduos reciclados são utilizados principalmente como ração animal, adubo e biogás, embora o uso de restos de comida em rações enfrente desafios de saúde animal.

Lições para o Mundo

O sucesso do sistema coreano se deve a uma abordagem integrada, que combina incentivos financeiros, educação pública e regulamentações rigorosas. A conscientização da população e o engajamento cívico são fundamentais. Especialistas afirmam que, embora o modelo sul-coreano seja eficaz, cada país deve adaptar suas políticas de gestão de resíduos à sua realidade local.