Saúde

Crescimento populacional e poluição agravam crise hídrica em países em desenvolvimento

Crescimento populacional e urbanização elevam uso de água doce em 55% até 2050, enquanto contaminantes emergentes ameaçam a saúde pública.

Rio Manicoré, no estado do Amazonas (Foto: Mauro Pimentel - 07.jun.22/AFP)

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O uso global de água doce deve aumentar 55% até 2050, segundo um dossiê da revista Frontiers in Water. O crescimento populacional e a urbanização agravam a escassez e a desigualdade no acesso a esse recurso, especialmente em países em desenvolvimento.

O relatório da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) de 2024 revela que 2,2 bilhões de pessoas não têm acesso a água potável gerida com segurança. Desde 2022, cerca de metade da população mundial enfrentou grave escassez de água, enquanto um quarto viveu sob estresse hídrico extremo.

O dossiê, intitulado Emerging Water Contaminants in Developing Countries: Detection, Monitoring, and Impact of Xenobiotics, destaca a presença crescente de contaminantes emergentes na água. O pesquisador Geonildo Rodrigo Disner, do Instituto Butantan, coeditou o estudo e alerta que, além de poluentes convencionais, a água doce é afetada por pesticidas, medicamentos e produtos de higiene.

Esses contaminantes, como herbicidas e metais pesados, não são removidos por métodos convencionais de tratamento, acumulando-se nos ecossistemas aquáticos. Disner afirma que muitos atuam como desreguladores endócrinos, afetando a saúde humana e a reprodução de organismos.

Os artigos do dossiê abordam a identificação e o monitoramento desses poluentes em países de baixa e média renda. Um estudo do Sri Lanka relaciona metais pesados à alta incidência de doenças renais, enquanto outro de Bangladesh revela contaminação por arsênio em água engarrafada. No Brasil, pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp) analisam os efeitos do diuron em peixes-zebra.

A desigualdade no acesso à água e os impactos das mudanças climáticas são preocupações centrais. Grandes enchentes e secas severas afetam a captação e distribuição de água potável, com secas impactando mais de 1,4 bilhão de pessoas entre 2002 e 2021. A disputa por água se intensifica, e apenas um quinto dos países possui acordos para gerenciar bacias hidrográficas transfronteiriças.

Disner enfatiza que a água deve ser tratada como um direito, não como uma mercadoria. O dossiê recomenda a criação de marcos regulatórios e programas de monitoramento para proteger a saúde humana e ambiental, contribuindo para as metas de desenvolvimento sustentável da ONU.

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