31 de mar 2025
Acesso à água pode reduzir em 69% internações por doenças relacionadas ao saneamento
Estudo aponta que universalizar o saneamento no Brasil pode reduzir em 69,1% internações por doenças e evitar 14,4 milhões de afastamentos anuais.
Luana Pretto, do Trata Brasil: pesquisa mostra que crianças e idosos são os mais afetados pela falta de saneamento (Foto: Divulgação)
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A precariedade no saneamento básico no Brasil impacta diretamente a saúde, a educação e a renda de milhões de cidadãos. Doenças transmitidas pela água, como diarreia, e infecções por insetos, como a dengue, resultam em afastamentos de crianças das escolas e adultos do trabalho, sobrecarregando o sistema de saúde. Em 2024, o SUS registrou 344,4 mil internações relacionadas a problemas de saneamento, embora a média de internações tenha diminuído 3,6% ao ano desde 2008. Projeções indicam que a universalização do saneamento poderia reduzir em 69,1% as internações por doenças associadas em três anos.
As consequências do saneamento inadequado vão além da saúde, afetando a economia familiar, especialmente entre mulheres. Eduardo Caetano, do Instituto Água e Saneamento, destaca que mães precisam faltar ao trabalho para cuidar de filhos doentes, limitando o acesso à renda. Um estudo aponta que o acesso pleno ao saneamento poderia retirar 17 milhões de mulheres da pobreza, já que muitas não conseguem trabalhar fora devido a responsabilidades familiares. As internações mais graves afetam principalmente crianças até quatro anos e idosos, que representam 43,5% das internações.
Além disso, a falta de saneamento prejudica o desempenho escolar. Dados do Instituto Trata Brasil mostram que, em 2021, crianças do quinto ano sem água tratada tiveram notas 9,8% inferiores em português e 8,6% em matemática. Sem banheiro em casa, a diferença nas notas foi ainda maior, com quedas de 21,3% e 17,8%, respectivamente. Essa situação resulta em atrasos escolares, com adolescentes sem acesso a saneamento apresentando 27,9% mais chances de estarem em defasagem de idade-série.
A ausência de saneamento também dificulta a instalação de creches e postos de saúde, perpetuando a desigualdade social. Nelson Arns Neumann, da Pastoral da Criança, ressalta que a falta de infraestrutura básica impede a implementação de políticas públicas essenciais. Além disso, episódios recorrentes de diarreia na infância estão associados a déficits cognitivos e atrasos escolares, criando um ciclo vicioso de saúde e educação comprometidas, especialmente em comunidades de baixa renda.
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