24 de mai 2025
A dependência em apostas online gera crises financeiras e afeta o ambiente de trabalho
A epidemia das apostas online afeta a saúde mental e a produtividade no trabalho, exigindo políticas públicas urgentes.
No Brasil, o crescimento desenfreado do vício em apostas esportivas online preocupa especialistas e acende alerta sobre impactos no mercado de trabalho. (Foto: Werher Santana/Estadão)
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O vício em apostas esportivas online tem se tornado um problema crescente no Brasil, afetando a saúde mental e a produtividade de trabalhadores. A recente Lei nº 14.790, sancionada em dezembro de 2023, regula as apostas de quota fixa, mas não aborda diretamente o impacto no mercado de trabalho. Especialistas alertam para a necessidade de políticas públicas e ações preventivas.
Estudos indicam que 54% dos gestores afirmam que colaboradores utilizam o horário de descanso para apostar. Uma pesquisa da Creditas Benefícios revelou que 66% dos gestores acreditam que o vício compromete a saúde mental e física dos funcionários. Além disso, 59% apontam a queda na produtividade como um dos principais efeitos.
Gustavo Henrique, um gestor comercial de 25 anos, é um exemplo do impacto das apostas. Ele acumulou mais de R$ 80 mil em dívidas após se tornar dependente das apostas, que começaram como uma diversão. Demitido por baixo desempenho, ele relata que sua vida profissional foi severamente afetada pelo vício. “Estava tão focado em tentar recuperar dinheiro que não conseguia render”, desabafa.
Efeitos no Ambiente de Trabalho
A psicóloga Andréa Krug explica que o vício em apostas gera uma descarga de dopamina no cérebro, semelhante ao alcoolismo. Os sintomas podem ser difíceis de identificar, confundindo-se com outras questões de saúde mental. O CEO da plataforma Zenklub, Rui Brandão, destaca que o vício pode levar a sentimentos de culpa e até pensamentos suicidas.
A situação é alarmante. A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) estima que 1,8 milhão de pessoas estão inadimplentes devido a dívidas com apostas. O CEO do Assaí, Belmiro Gomes, afirmou que o aumento das apostas tem levado famílias a reduzirem gastos com alimentação.
Necessidade de Ação
Diante desse cenário, especialistas pedem que as empresas adotem uma postura preventiva. Luciana Morilas, professora de direito na FEA-RP/USP, ressalta que o trabalhador não deixa de ser cidadão ao entrar na empresa e que as apostas podem ser um novo fator de adoecimento. A regulamentação das apostas ainda é insuficiente, e o governo deve criar leis que contemplem políticas de saúde pública e proteção aos trabalhadores afetados.
A reportagem questionou o Ministério do Trabalho e Emprego sobre políticas voltadas à prevenção dos impactos das apostas no ambiente de trabalho, mas não obteve resposta até o fechamento deste artigo.
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