30 de mai 2025

Racismo alimentar agrava insegurança nutricional entre mulheres negras no Brasil
Nutricídio afeta 6,2% de lares chefiados por mulheres negras no Brasil, revelando desigualdade alimentar e a urgência de reformas sociais.
Foto:Reprodução
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O racismo estrutural no Brasil impacta a segurança alimentar das famílias chefiadas por mulheres negras. Dados recentes revelam que 27,4% das famílias brasileiras têm mulheres negras como principais responsáveis pela renda, e a insegurança alimentar atinge 6,2% desses lares, em contraste com 2,6% entre os chefiados por homens brancos.
O conceito de nutricídio, introduzido pelo médico Llaila O. Afrika, destaca a relação entre racismo e alimentação. A população negra enfrenta desertos alimentares, onde os alimentos acessíveis são predominantemente ultraprocessados. Essa situação resulta em altos índices de obesidade e doenças crônicas, como hipertensão e diabetes.
Mulheres negras frequentemente priorizam a alimentação dos filhos, muitas vezes se alimentando por último ou não comendo. Historicamente, essas mulheres enfrentam escassez de alimentos e recursos financeiros, levando a práticas alimentares prejudiciais. O racismo alimentar, portanto, não apenas gera fome, mas também contribui para a má nutrição.
Desigualdade e Acesso à Terra
O racismo também se manifesta na concentração de terras nas mãos de homens brancos, enquanto comunidades negras, quilombolas e indígenas são afastadas de seus territórios. Essas comunidades, que tradicionalmente cultivaram alimentos saudáveis, são forçadas a depender de uma alimentação não saudável.
A distribuição desigual de recursos e a expropriação de saberes alimentares agravam a situação. O Brasil, apesar de sua vasta terra fértil, enfrenta um sistema que impede que quem sabe plantar colha os frutos de seu trabalho. A reforma agrária e a promoção da produção agroecológica são essenciais para reverter esse quadro.
Nutrir a população com dignidade é uma questão de justiça social. O fortalecimento das comunidades negras e periféricas na produção de alimentos saudáveis pode transformar a realidade alimentar no país. O futuro depende de ações que devolvam o direito à alimentação e à autonomia a quem sempre cuidou da terra.
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