Médicos alertam sobre riscos do "Protocolo Superbebê" e promessas infundadas

Recentemente, um vídeo de uma médica grávida promovendo o chamado "Protocolo Superbebê" se tornou viral nas redes sociais. O procedimento sugere que a administração de vitaminas intravenosas pode aumentar a inteligência dos bebês. No entanto, entidades médicas alertam que essa prática não possui comprovação científica e pode acarretar riscos significativos para gestantes e fetos.

O Conselho Regional de Medicina do Estado do Paraná (CRM-PR) está investigando a médica responsável pelo protocolo. A Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) e o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) manifestaram preocupação, classificando a prática como "charlatanismo". A Febrasgo enfatizou que "promessas infundadas" não substituem a medicina adequada e podem expor gestantes a perigos inaceitáveis.

Embora a suplementação de vitaminas tenha um papel importante na gestação, deve ser feita com base em critérios específicos e preferencialmente por via oral. O presidente da Comissão Nacional Especializada em Assistência ao Abortamento, Parto e Puerpério da Febrasgo, Elias Ferreira De Melo Junior, destacou que a administração intravenosa pode trazer riscos adicionais, como infecções e reações adversas graves.

Riscos da Soroterapia

A soroterapia, como a promovida no vídeo, mistura substâncias que podem ser desnecessárias ou até perigosas. O uso excessivo de vitaminas, como ferro e vitamina A, pode causar efeitos colaterais graves. O uso de iodo, por exemplo, pode afetar a função da tireoide, tanto da mãe quanto do bebê.

Além disso, a administração intravenosa de vitaminas não é isenta de riscos. O acesso venoso pode facilitar a entrada de infecções, e erros na dosagem podem ter consequências imediatas e severas. O Cremesp alertou para o risco de malformações fetais, especialmente durante o primeiro trimestre da gestação.

A presidente do Departamento Científico de Neurologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), Magda Lahorgue Nunes, afirmou que não existe substância capaz de aumentar o quociente de inteligência (QI) de um bebê. O desenvolvimento intelectual é influenciado por fatores como genética e ambiente, e não por intervenções isoladas.

Investigação em Andamento

O CRM-PR está acompanhando o caso e pode instaurar um processo de sindicância se forem encontrados indícios de violação das normas éticas. A médica também possui registro no CRM do Ceará, que ainda não se manifestou sobre o assunto. O espaço permanece aberto para manifestações.