05 de mar 2025
Ultraprocessados afetam negativamente a microbiota intestinal de bebês, revela estudo
Estudo com 728 crianças revela que ultraprocessados afetam microbiota intestinal. Amamentação aumenta Bifidobacterium, promovendo saúde intestinal em crianças. Crianças não amamentadas apresentam gêneros associados a obesidade e doenças. Pesquisa destaca vulnerabilidade social e acesso a alimentos ultraprocessados. Monitoramento a longo prazo é necessário para avaliar impactos na saúde.
Estudo reforça a importância da amamentação e de evitar alimentos ricos em açúcar, gordura saturada, sal e aditivos químicos (Foto: d3sign/GettyImages)
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Um estudo com 728 crianças de até um ano revelou que o consumo de alimentos ultraprocessados pode prejudicar a diversidade e a abundância da microbiota intestinal, especialmente em crianças não amamentadas. Os resultados foram publicados na revista Clinical Nutrition e fazem parte do Estudo MINA, que acompanha crianças nascidas entre 2015 e 2016 em Cruzeiro do Sul, Acre, com apoio da FAPESP. As crianças que ainda recebiam leite materno apresentaram maior abundância de Bifidobacterium, associado à boa saúde intestinal, enquanto as que não eram amamentadas e consumiam ultraprocessados, como salgadinhos e refrigerantes, mostraram maior presença de gêneros como Selimonas e Finegoldia, ligados à obesidade e doenças gastrointestinais.
O primeiro autor do estudo, Lucas Faggiani, destacou que o aleitamento materno atenuou os efeitos negativos dos ultraprocessados na microbiota intestinal. Ele observou que o grupo que recebeu leite materno e evitou esses produtos teve uma microbiota mais estável e melhores marcadores de saúde. Marly Cardoso, coordenadora do projeto, enfatizou a importância do estudo, que é o primeiro a analisar a composição da microbiota intestinal em relação ao consumo de ultraprocessados em um grande grupo durante o primeiro ano de vida, um período crítico para o desenvolvimento do sistema imunológico.
As coletas de dados e amostras ocorreram entre 2016 e 2017, quando as crianças completaram um ano. As amostras foram enviadas para análise na Coreia do Sul, onde foram sequenciados os genomas. Os pesquisadores também notaram um aumento do gênero Firmicutes nas crianças desmamadas, sugerindo uma maturidade precoce da microbiota. Além disso, o gênero Blautia foi encontrado em maior quantidade entre as crianças que consumiam ultraprocessados, embora sua relação com a saúde ainda não esteja clara.
Os dados indicam que mais de 80% das crianças consumiam ultraprocessados já no primeiro ano de vida, contrariando as recomendações da Organização Mundial da Saúde de evitar esses produtos antes dos dois anos. Os pesquisadores continuarão a acompanhar essas crianças para avaliar possíveis desfechos adversos à saúde a longo prazo. O estudo recebeu apoio adicional da FAPESP por meio de uma bolsa de pós-doutorado para Paula de França, coautora do artigo. O artigo completo pode ser acessado em www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0261561425000317?dgcid=author.
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