14 de jun 2025

Jovens enfrentam debate sobre restrições de acesso a redes sociais
Relatório de especialistas alerta para os riscos das mídias sociais à saúde mental de adolescentes e pede cautela em políticas públicas.
Aluno da escola municipal do Rio com celular, antes de proibição (Foto: Divulgação/Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro)
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Jonathan Haidt, psicólogo social, já havia abordado a relação entre o uso de mídias sociais e o aumento de transtornos mentais em jovens em seu livro "A geração ansiosa". Recentemente, um novo relatório, coordenado por Valerio Capraro e Jay Van Bavel, reuniu mais de 120 especialistas para analisar os impactos das mídias sociais na saúde mental, enfatizando a necessidade de cautela nas políticas públicas.
O relatório, publicado na semana passada, busca estabelecer um consenso sobre os efeitos negativos das mídias sociais e smartphones na saúde mental de adolescentes. Inspirado na declaração de consenso sobre mudanças climáticas, o documento utiliza a metodologia Delphi, que promove a avaliação anônima e sistemática das evidências disponíveis. Ao longo de quatro rodadas de discussão, os especialistas analisaram 26 afirmações, principalmente derivadas do trabalho de Haidt.
Os resultados indicam um aumento significativo nos problemas de saúde mental entre adolescentes desde 2010, especialmente entre meninas. Embora haja um consenso moderado sobre a relação entre o uso intensivo de mídias sociais e esse aumento, os especialistas alertam que os efeitos dependem de fatores individuais, como gênero e histórico familiar. A conclusão aponta para indícios de causalidade, mas os mecanismos ainda são incertos.
Políticas Públicas e Cautela
No que diz respeito a políticas públicas, como a proibição de celulares nas escolas, o consenso é mais cauteloso. Os especialistas concordam que o uso de celulares impacta negativamente o clima escolar, afetando a atenção e as interações sociais. Contudo, não há evidências claras de que essa proibição melhore a saúde mental dos estudantes. Alguns estudos sugerem benefícios, como redução do estresse, enquanto outros não mostram mudanças significativas.
Diante disso, o grupo de especialistas recomenda cautela na formulação de políticas baseadas nesse vínculo. Se implementadas, as medidas devem ser fundamentadas em evidências locais e acompanhadas de reavaliações constantes. O relatório levanta questões sobre como um conhecimento ainda em desenvolvimento pode influenciar políticas públicas de grande alcance, como a proibição de celulares nas escolas, adotada em alguns países, incluindo o Brasil.
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