Saúde

Queimadas e extração de madeira na Amazônia causam impactos por décadas, revela estudo

Estudo aponta que interações de frugivoria na Amazônia estão comprometidas após 20 anos de queimadas, ameaçando a regeneração florestal.

Incêndio na Terra Indígena Kayapó (Pará), na floresta amazônica, em setembro de 2024 (Foto: Marizilda Cruppe/Greenpeace Brasil/Divulgação)

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Um estudo inédito revela que as interações de frugivoria na Amazônia permanecem comprometidas mesmo após 20 anos de queimadas. A pesquisa, conduzida pela bióloga Liana Chesini Rossi, mostra que a perda de espécies e interações afeta a regeneração florestal.

A pesquisa, publicada na revista Oikos, analisou como a frequência de queimadas e a extração de madeira impactam as relações ecológicas entre plantas e animais. Rossi, atualmente pós-doutoranda no Jardim Botânico do Rio de Janeiro, destaca que este é o primeiro estudo abrangente sobre frugivoria na Amazônia em um longo prazo.

Os dados coletados indicam que, em áreas afetadas por queimadas, houve uma redução média de 16% nas espécies de frugívoros e um declínio de 66% nas interações de frugivoria. A pesquisa envolveu mais de 1.500 horas de observações e 30 mil horas de monitoramento por armadilhas fotográficas.

Impactos Ecológicos

As florestas intactas apresentaram um número significativamente maior de espécies e interações em comparação com aquelas que foram exploradas ou queimadas. O estudo identificou 4.670 interações de frugivoria, envolvendo 165 espécies de plantas e 174 espécies frugívoras. A maioria das interações ocorreu em ambientes arbóreos.

Rossi e sua equipe observaram que a ausência de frugívoros compromete a dispersão de sementes, essencial para a regeneração da floresta. O biólogo Marco Aurélio Pizo alerta que essa desconexão entre plantas e animais pode levar a um empobrecimento funcional das florestas.

Cenário Alarmante

O estudo também sugere que as florestas podem estar se tornando mais sensíveis a novos distúrbios. A combinação de desmatamento e mudanças climáticas pode levar a um ponto de não retorno, onde a floresta perderá sua capacidade de regeneração. Carlos Nobre, climatologista, alerta que a duração da estação seca na Amazônia tem aumentado, o que pode agravar a situação.

Com cerca de 20% da área da floresta já alterada, a pesquisa reforça a urgência de ações para mitigar os impactos das queimadas e da extração de madeira. A continuidade dessas práticas pode resultar em consequências devastadoras não apenas para a Amazônia, mas também para o clima global.

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