27 de jun 2025

Antas impulsionam germinação de sementes e promovem recuperação de florestas
Estudo comprova que antas aceleram a germinação de sementes, reforçando a necessidade de sua conservação para a biodiversidade.

Anta bebe água em uma lagoa em Barão de Melgaço, Mato Grosso (Foto: Lalo de Almeida - 2.set.21/Folhapress)
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As antas, conhecidas como "jardineiras das florestas", desempenham um papel crucial na dispersão de sementes, especialmente em ecossistemas como a Amazônia e o cerrado. Uma pesquisa recente, publicada na revista Acta Amazonica, revela que as sementes ingeridas e defecadas por antas germinam até duas vezes mais rápido do que aquelas que caem diretamente no solo.
O estudo foi realizado em uma área de proteção permanente no rio Braço Norte, em Mato Grosso, e envolveu a coleta de 140 amostras de fezes de antas. Pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e da Univates compararam a taxa e o tempo de germinação das sementes encontradas nas fezes com um grupo controle de sementes intactas. As sementes que passaram pelo trato digestivo das antas germinaram entre 8 e 65 dias, enquanto as do grupo controle levaram de 27 a 92 dias.
Resultados da Pesquisa
Entre as seis espécies de plantas nativas analisadas, as sementes de jenipapo excretadas pelas antas germinaram em média em 17 dias, quase três vezes mais rápido que as do grupo controle, que levaram 48 dias. A taxa de germinação das sementes nas fezes foi de 86%, em comparação com 23% das sementes intactas. Os pesquisadores também aplicaram uma técnica de escarificação, que simula a fricção do intestino, e observaram que essas sementes germinaram ainda mais rapidamente.
Mateus Pires, um dos autores do estudo, explica que a passagem pelo trato digestivo ajuda a quebrar a dormência das sementes, facilitando seu desenvolvimento. Apesar de as sementes tratadas mecanicamente terem apresentado uma taxa de germinação superior, a contribuição das antas para a recuperação de florestas degradadas é inegável.
Importância da Conservação
A pesquisa destaca a importância da conservação das antas, que estão classificadas como vulneráveis na Lista Nacional de Espécies Ameaçadas de Extinção. A preservação dessa espécie é fundamental para a manutenção da biodiversidade e para acelerar a recuperação de áreas degradadas no Brasil. A pesquisa foi liderada pela bióloga Lucinere Pinto, sob orientação de Eduardo Périco, no Programa de Pós-Graduação em Ambiente e Desenvolvimento da Univates.
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