30 de jun 2025

α-Copaeno se destaca como repelente eficaz contra insetos do greening em citros
Pesquisadores identificam o α copaeno como solução promissora no combate ao psilídeo dos citros, potencializando o manejo do greening.

Para garantir que os insetos fossem expostos aos aromas de forma semelhante ao que ocorre na natureza, os cientistas desenvolveram e aperfeiçoaram um difusor para disseminar os compostos onde o inseto fica confinado e faz escolhas a favor ou contra os aromas ofertados (Foto: Fundecitrus)
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Karina Ninni | Agência FAPESP – O greening, uma das doenças mais devastadoras da citricultura, afeta 44% das laranjeiras em São Paulo, maior produtor mundial de laranja. Desde sua chegada ao Brasil em 2004, o controle da doença tem se concentrado no manejo do psilídeo-dos-citros, inseto vetor da bactéria Candidatus Liberibacter asiaticus. As estratégias incluem o uso de inseticidas, plantio de mudas livres da bactéria e a erradicação de árvores doentes.
Recentemente, pesquisadores descobriram que o α-copaeno, presente no óleo de copaíba, é cem vezes mais eficaz que o β-cariofileno na repulsão do psilídeo. O químico Rodrigo Facchini Magnani, do Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus), destaca que, embora não haja forma eficaz de eliminar a bactéria na planta, a identificação de novos compostos repelentes é um avanço significativo.
A infecção por greening pode levar até seis meses para apresentar sintomas, como folhas com manchas amareladas e frutos deformados. A detecção da bactéria é feita por meio de PCR, mas a observação visual é a forma mais econômica de diagnóstico. Com o tempo, a bactéria se multiplica, tornando a planta improdutiva e uma fonte de contaminação para novos psilídeos.
Avanços na Pesquisa
Em 2009, uma comissão nacional foi formada para investigar a doença, em contato com uma entidade internacional. Observações de pequenos produtores no Vietnã indicaram que a intercalagem de goiabeiras com tangerinas reduzia a população do inseto. Pesquisas subsequentes revelaram que o β-cariofileno, presente no aroma da goiabeira, repeliria o psilídeo.
Os cientistas também testaram a introdução de genes produtores de β-cariofileno em plantas de Arabidopsis, que demonstraram repelir o inseto. Contudo, ao introduzir esses genes, outras moléculas como o α-copaeno e o α-humuleno também foram incrementadas. O entomologista Haroldo Xavier Linhares Volpe, do Fundecitrus, explica que o α-copaeno se mostrou muito mais potente, podendo ser priorizado em novas estratégias de manejo.
Estratégias de Manejo
Os pesquisadores desenvolveram um difusor dinâmico para testar a eficácia dos compostos em ambientes controlados. O objetivo é entender como os insetos reagem aos aromas liberados. A pesquisa também explora a tecnologia "repele-atrai-mata", que visa repelir o psilídeo, atraí-lo para plantas iscas e eliminá-lo.
Outras plantas, como o curry e a murta, também são hospedeiras do inseto, mas não permitem a transmissão da bactéria. O uso do curry como planta atrativa está sendo estudado, com a intenção de torná-lo letal para o psilídeo. O artigo completo sobre o α-copaeno pode ser acessado na Scientific Reports.
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