01 de jul 2025




Brasil registra aumento de 320% em desastres climáticos nesta década
Desastres climáticos no Brasil aumentam 320% desde a década de 1990, afetando 91,7 milhões de pessoas e gerando prejuízos de R$ 146,7 bilhões.

Perdas econômicas nas enchentes históricas do Rio Grande do Sul somaram R$ 88,9 bilhões, reforçando a urgência da adaptação climática (Foto: Gustavo Ghisleni/AFP)
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O Brasil enfrenta uma escalada alarmante de desastres climáticos, com 7.539 eventos de chuvas intensas registrados entre 2020 e 2023. Esse número representa um aumento de 320% em relação à década de 1990, segundo um estudo do Programa Maré de Ciência da Universidade Federal de São Paulo, divulgado em 1º de outubro. O impacto desses eventos já afetou 91,7 milhões de pessoas, resultando em prejuízos de R$ 146,7 bilhões.
Desde 1991, o país contabilizou 26.767 eventos relacionados a chuvas extremas, com um crescimento acentuado a partir dos anos 2000. A média anual de registros dobrou em relação à década anterior, atingindo 7,3 vezes o número de eventos da década de 1990. Projeções indicam que, sem ações efetivas, essa tendência deve se agravar, com eventos climáticos extremos se tornando mais frequentes e intensos.
Impactos Regionais e Sociais
A abrangência geográfica dos desastres também aumentou. Atualmente, 4.645 municípios já enfrentaram eventos relacionados a chuvas, com a proporção de locais impactados saltando de 27% nos anos 1990 para 83% nos anos 2000. O verão concentra 44% dos desastres, mas o padrão varia regionalmente, com o outono apresentando aumento significativo no Norte e Nordeste.
Entre 1991 e 2023, cerca de 91,7 milhões de brasileiros foram afetados, um aumento de 82 vezes em comparação aos anos 1990. De 2020 a 2023, 31,8 milhões de pessoas foram impactadas, com eventos como as enchentes no Rio Grande do Sul em 2024 atingindo 2,4 milhões de moradores. Ronaldo Christofoletti, professor da Unifesp, destaca que a frequência e a gravidade dos desastres têm gerado um número crescente de vítimas e danos materiais.
Consequências Econômicas
Os prejuízos econômicos são alarmantes, totalizando R$ 146,7 bilhões desde 1995, com perdas de R$ 43 bilhões entre 2020 e 2023. A agricultura é o setor mais afetado, representando 47% das perdas, enquanto o comércio responde por 30%. Em 2024, a tragédia no Rio Grande do Sul, com perdas estimadas em R$ 88,9 bilhões, elevou os danos desta década a cerca de R$ 132 bilhões.
Cerca de 90% dos afetados relataram danos adversos, incluindo traumas psicológicos. Além disso, 654 mil pessoas ficaram feridas ou adoeceram, e 8,7 milhões foram desabrigadas. As mortes relacionadas a desastres climáticos totalizam 4.247, representando 86% de todas as fatalidades nesse contexto.
Para enfrentar esse cenário, especialistas defendem investimentos em políticas de prevenção e adaptação climática. Medidas como planejamento urbano adequado e sistemas de alerta meteorológico são essenciais para mitigar os impactos. As Soluções Baseadas na Natureza, como jardins de chuva e parques lineares, são apontadas como estratégias eficazes para aumentar a resiliência das cidades.
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