04 de jul 2025

Brasileiros preferem supermercados a feiras livres e isso gera preocupações econômicas
Novo sistema classifica locais de venda de alimentos e propõe políticas públicas para aumentar o acesso a opções saudáveis no Brasil.

Corredor de supermercado com cartazes mostrando alimentos, prateleiras repletas de alimentos processados e embalados e uma geladeira horizontal com produtos congelados (Foto: USP Imagens)
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Um novo sistema de classificação de locais de aquisição de alimentos, chamado Locais-Nova, foi desenvolvido por Marcos Anderson Lucas da Silva, doutorando da Faculdade de Saúde Pública da USP. O objetivo é melhorar o acesso a alimentos saudáveis e reclassificar os espaços de venda, conforme publicado na Revista do SUS.
Pesquisas anteriores já associam o consumo excessivo de alimentos ultraprocessados a doenças cardiovasculares e morte precoce. No Brasil, 68% da população adquire alimentos em supermercados, que também são grandes fornecedores de produtos ultraprocessados. Silva destaca que a competição entre alimentos saudáveis e ultraprocessados é intensa, o que pode influenciar negativamente as escolhas alimentares.
O sistema Locais-Nova categoriza os locais de venda em três grupos: fontes de alimentos in natura ou minimamente processados, fontes de alimentos processados e fontes de ultraprocessados. Essa nova classificação visa facilitar a análise crítica do ambiente alimentar e ajudar gestores a desenvolver políticas públicas que promovam a saúde.
Desafios Regionais
As particularidades econômicas e culturais de cada região do Brasil influenciam o acesso a alimentos. Regiões como Norte e Nordeste apresentam maior consumo de alimentos in natura, enquanto Sul e Sudeste têm maior aquisição de ultraprocessados. Silva observa que quanto maior a renda, maior a compra de produtos ultraprocessados, refletindo padrões de consumo distintos.
Além disso, a pesquisa revela que supermercados, minimercados e padarias são as principais fontes de ultraprocessados em todas as regiões. As feiras livres, que oferecem alimentos frescos e sazonais, enfrentam desafios de preço e acessibilidade, especialmente em áreas periféricas.
Propostas de Políticas Públicas
A atuação do Estado é considerada essencial para aumentar a disponibilidade de alimentos saudáveis. Silva sugere que o poder público deve subsidiar feiras e promover a alimentação saudável, além de implementar a nova cesta básica, que inclui uma variedade de alimentos com tarifa zero.
Maria Laura Louzada, orientadora da pesquisa, enfatiza que o estudo pode ajudar a identificar áreas que necessitam de intervenções específicas para melhorar o acesso a alimentos saudáveis. A pesquisa também aponta para a necessidade de um sistema de abastecimento alimentar popular, semelhante ao programa farmácia popular, focado em alimentos saudáveis.
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