Saúde

Ozempic e culto à magreza dificultam aceitação da diversidade corporal

Novo Nordisk enfrenta críticas por campanha sobre obesidade, que reabre debates sobre saúde, estética e uso de medicamentos como Ozempic.

Uma pareja se besa y otras dos jóvenes se hacen un 'selfie' en el centro de Barcelona. (Foto: Gianluca Battista)

Uma pareja se besa y otras dos jóvenes se hacen un 'selfie' en el centro de Barcelona. (Foto: Gianluca Battista)

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A farmacêutica Novo Nordisk lançou uma campanha controversa sobre obesidade, que gerou críticas nas redes sociais e levou o Ministério da Saúde a solicitar esclarecimentos. A iniciativa, que promove a obesidade como uma doença e não uma questão estética, reabriu o debate sobre a percepção social da obesidade e o uso de medicamentos como o Ozempic.

A campanha foi acusada de ser gordófoba e de promover uma visão distorcida da saúde. A filósofa e ativista Magdalena Piñeyro criticou a abordagem da empresa, afirmando que a campanha ignora a diversidade corporal e patologiza corpos maiores. Para a nutricionista Azahara Nieto, a mensagem é populista e penaliza pessoas com sobrepeso, desconsiderando que algumas podem estar saudáveis.

O uso crescente de medicamentos antiobesidade, como o Ozempic, por pessoas saudáveis para emagrecimento tem gerado preocupações. Especialistas alertam que esses fármacos, embora eficazes, não são isentos de riscos e podem levar a problemas de saúde, como pancreatite. A Agência Espanhola do Medicamento já emitiu avisos sobre reações adversas.

Impacto Cultural e Social

A discussão sobre obesidade também reflete um retorno à estética da delgadez e à pressão social por padrões corporais. Comunidades online, como o #skinnytok, promovem a delgadez como ideal de sucesso, o que pode contribuir para o aumento de transtornos alimentares. A psicóloga Cristina Carmona observa que essa nova pressão pode levar a uma visão negativa da obesidade, associando-a a um fracasso pessoal.

A Organização Mundial da Saúde classifica a obesidade como uma doença crônica, mas a definição ainda gera controvérsias entre especialistas. Um estudo recente sugere que intervenções focadas apenas na perda de peso têm pouco efeito a longo prazo e podem aumentar a estigmatização. Piñeyro destaca que a discriminação e a falta de infraestrutura adaptada dificultam o acesso de pessoas com sobrepeso aos cuidados médicos.

A Resposta ao Neoliberalismo

A campanha da Novo Nordisk também foi vista como uma resposta ao que alguns chamam de neoliberalismo corporal, onde a responsabilidade pela saúde é individualizada. A crítica se estende ao ideal de que a delgadez é sinônimo de sucesso e autocontrole, o que ignora fatores sociais e econômicos que influenciam a saúde.

A discussão sobre a aceitação de diferentes tipos de corpo continua a evoluir, com propostas como a body-neutrality, que prioriza a funcionalidade do corpo em vez da estética. No entanto, especialistas como Diego Bellido, presidente da Sociedade Espanhola para o Estudo da Obesidade, alertam que a obesidade sempre traz riscos à saúde, independentemente da aparência.

O debate sobre obesidade e saúde pública permanece acirrado, refletindo tensões entre aceitação corporal e as pressões sociais por padrões de beleza.

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