17 de jan 2025
Má ciência e análises falhas alimentam desinformação sobre vacinas e saúde pública
Estudo na Frontiers in Medicine afirma que vacinas aumentam risco de morte. Pesquisa apresenta falhas metodológicas graves e não foi revisada adequadamente. Dados usados são inadequados, focando em registros de síndrome respiratória aguda. Comparações entre vacinados e não vacinados ignoram contextos temporais cruciais. Resultados errôneos alimentam desinformação e movimentos anti vacina nas redes.
Vacina da AstraZeneca contra a Covid-19 (Foto: Ulet Ifansasti/Getty Images)
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O aumento do acesso a dados para pesquisa tem contribuído para a desinformação científica, especialmente quando indivíduos sem conhecimento adequado interpretam essas informações de forma inadequada. Embora a facilidade de acesso seja benéfica, ela também permite que análises mal fundamentadas se espalhem, levando o público a acreditar em estudos que parecem ter respaldo científico. O sistema de revisão por pares, utilizado por revistas científicas respeitáveis, visa garantir a qualidade dos artigos, mas mudanças nas editoras, que priorizam lucro, têm comprometido essa prática.
Revistas científicas estão aceitando artigos mal elaborados em troca de taxas de publicação, resultando em revisões superficiais. Um exemplo é o artigo “Evaluation of post-covid mortality risk in cases classified as severe acute respiratory syndrome in Brazil”, publicado em dezembro de 2024, que apresenta falhas significativas. Os revisores não eram especialistas na área, e o estudo sugere que vacinas contra a Covid-19 aumentam o risco de morte não relacionada à doença, utilizando critérios sem embasamento científico.
O artigo baseou-se em dados de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) no Brasil, mas o sistema de registro utilizado não é adequado para essa análise. Ele registra informações de forma manual, aumentando o risco de erros. Além disso, o foco em mortes por SRAG distorce a definição de mortes “não relacionadas à Covid”. A comparação entre vacinados e não vacinados foi feita de maneira inadequada, ignorando o contexto de vacinação e as condições do sistema de saúde em diferentes períodos.
Os autores do estudo falharam ao categorizar a situação vacinal, considerando doses aplicadas após o início dos sintomas, o que distorceu a análise. A pesquisa foi utilizada para sustentar movimentos anti-vacina, refletindo a responsabilidade dos autores e revisores. Erros graves comprometem a confiabilidade do estudo, que, ao ser aceito, gera desinformação e prejudica a saúde pública, alimentando a pseudociência e a desinformação sobre vacinas.
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