Hepatólogo alerta sobre os riscos da combinação de álcool e cocaína entre jovens

Ramón Bataller, hepatólogo de renome internacional, atua no Clínic de Barcelona e possui vasta experiência em doenças hepáticas. Recentemente, observou um aumento preocupante de casos de cirrose hepática em jovens, associada ao consumo de álcool e cocaína. Em uma de suas postagens nas redes sociais, ele destacou a "desmedida prevalência do consumo de cocaína entre os jovens", revelando que a Espanha ocupa o segundo lugar em consumo dessa substância entre pessoas de 15 a 34 anos, atrás apenas do Reino Unido.

Bataller enfatiza que a combinação de álcool e cocaína é particularmente perigosa, pois os padrões de consumo podem levar a um uso excessivo de ambas as substâncias. O álcool, ao desinibir, pode fazer com que jovens que normalmente não consumiriam cocaína experimentem a droga em ambientes festivos. Essa interação pode resultar em patologias graves, como hepatite e miocardiopatias, que ele tem observado com frequência crescente em sua prática clínica.

Os efeitos nocivos do uso conjunto dessas substâncias são ainda pouco compreendidos. Embora os impactos do álcool e da cocaína sejam bem documentados individualmente, a falta de estudos sobre suas interações torna difícil avaliar a gravidade do problema. Bataller alerta que a combinação pode levar a danos acumulativos e multiplicadores no organismo, afetando especialmente o coração e o sistema cardiovascular.

Além disso, ele expressa preocupação com a normalização do consumo de cocaína na sociedade espanhola, algo que ele notou mesmo após retornar dos Estados Unidos. Bataller menciona que, embora o consumo de álcool entre adolescentes seja alarmante, a crescente incidência de hepatite e cirrose em mulheres jovens no mundo anglosaxão é um fenômeno que pode se espalhar para a Espanha, especialmente com o aumento do consumo entre meninas. O Ministério da Saúde está preparando uma nova legislação sobre o consumo de álcool por menores, um passo considerado positivo por Bataller.