12 de fev 2025
Telescópio submarino registra neutrino com energia recorde no espaço
Cientistas detectaram um neutrino com energia recorde de 220 petaelétronvolts. A descoberta foi feita pelo telescópio KM3NeT, no fundo do Mediterrâneo. Neutrinos são partículas subatômicas que atravessam matéria sem interagir. O evento ocorreu em fevereiro de 2023, mas foi divulgado agora na revista "Nature". A trajetória quase horizontal do neutrino sugere origem em fenômenos distantes.
Pesquisadores fazem a inspeção final e conectam uma parte do telescópio subaquático ao guincho para a instalação. (Foto: Paschal Coyle/CNRS)
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Um consórcio internacional de cientistas anunciou, nesta quarta-feira (12), a detecção do neutrino mais energético já registrado, um marco no estudo de fenômenos extremos do universo. Os neutrinos são partículas subatômicas quase sem massa e sem carga elétrica, que podem atravessar matéria sem interagir. Essa característica torna sua detecção desafiadora, mas eles são essenciais para a astronomia, pois transportam informações sobre suas origens, que podem incluir explosões estelares e buracos negros. O neutrino detectado possui uma energia cerca de 30 vezes maior que qualquer outro já observado, sugerindo uma origem distante no cosmos.
A detecção foi realizada pelo telescópio de neutrinos KM3NeT, instalado no fundo do mar Mediterrâneo, a mais de 3 mil metros de profundidade. O evento ocorreu em 13 de fevereiro de 2023, quando o detector ARCA, parte do KM3NeT, identificou um neutrino com energia estimada em 220 petaelétronvolts (PeV). Para comparação, essa energia é bilhões de vezes mais potente que a de um fóton de luz visível. Os pesquisadores acreditam que a partícula pode ter se originado fora da Via Láctea, possivelmente de um buraco negro ativo.
O neutrino, apelidado de KM3-230213A, apresentou uma trajetória quase horizontal, o que é incomum, já que a maioria dos neutrinos segue caminhos verticais. Essa trajetória sugere que ele atravessou uma quantidade significativa de matéria antes de ser detectado. A detecção ocorreu enquanto o neutrino passava pela plataforma continental de Malta, onde a água é mais rasa. Quando interage com a matéria, o neutrino gera partículas que emitem uma luz azul, registrada pelos sensores do telescópio, permitindo a reconstrução de sua energia e direção.
Os neutrinos são produzidos em reações nucleares, como as que ocorrem no Sol e em explosões estelares. Devido à sua baixa interação com a matéria, eles são difíceis de detectar, mas oferecem uma janela para eventos astronômicos distantes. O físico Farinaldo Queiroz, da UFRN, destaca que, por não possuírem carga elétrica, os neutrinos não podem ser manipulados por campos magnéticos, o que os torna mensageiros cósmicos valiosos. O IceCube Neutrino Observatory, na Antártida, foi o primeiro telescópio grande o suficiente para detectar esses fenômenos, contribuindo para a compreensão das fontes de neutrinos cósmicos.
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