Mauricio Rosencof homenageia amizade com Mujica após morte do ex-presidente uruguaio

Mauricio Rosencof, poeta e ex-guerrilheiro uruguaio, reflete sobre sua trajetória após a morte de seu amigo José Mujica, ex-presidente do Uruguai, que faleceu aos 89 anos. Rosencof, que tem 90 anos, é uma figura emblemática da resistência durante a ditadura militar no Uruguai.

Rosencof nasceu em 1933 e se envolveu na militância política desde jovem, integrando a União das Juventudes Comunistas e o grupo guerrilheiro Tupamaros. Em 1972, foi preso e, no ano seguinte, declarado "refém" pela ditadura, permanecendo encarcerado até 1985. Durante esse período, enfrentou torturas e condições desumanas.

A amizade entre Rosencof e Mujica se fortaleceu durante o confinamento solitário, onde desenvolveram um sistema de comunicação baseado em batidas nas paredes. Essa conexão foi crucial para manter a esperança e a sanidade. A literatura se tornou uma ferramenta de resistência, e ambos registraram suas experiências no livro "Memórias do Calabouço", lançado em 1987.

Legado e Memória

Nos últimos anos, Rosencof tem se dedicado a preservar a memória histórica e a literatura. Em fevereiro de 2023, ele se reuniu com Mujica e outros ex-companheiros de prisão, em um encontro marcado pela emoção. Rosencof afirmou que contar sua história é uma forma de honrar os que não sobreviveram.

O filme "Uma Noite de 12 Anos", lançado em 2018, retrata os anos de prisão dos três amigos e foi inspirado no livro de Rosencof. Mujica, ao assistir ao filme, expressou seu desconforto em reviver aquelas memórias, afirmando que não gostaria de vê-lo novamente.

A amizade entre Rosencof e Mujica transcendeu o cárcere, refletindo seus ideais compartilhados. Enquanto Mujica se destacou na política, Rosencof continuou sua trajetória literária, ambos comprometidos com a justiça social e os direitos humanos.