27 de mai 2025
Dulce Amabis discute os desafios emocionais da maternidade contemporânea e a solidão no puerpério
Maternidade contemporânea exige apoio emocional. Psicoterapeuta Dulce Amabis destaca a solidão no puerpério e a busca por perfeição.
A ideia de que a mãe tem que estar feliz o tempo inteiro e dar conta de tudo é uma fantasia. (Foto: Werther Santana/Estadão)
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Dulce Amabis, psicoterapeuta com quase três décadas de experiência, destaca a importância de grupos de apoio para gestantes. Em entrevista, ela aborda a solidão no puerpério e a pressão por uma maternidade idealizada, temas recorrentes em seus encontros.
Os grupos, que Dulce coordena há 28 anos, surgiram da observação de que muitas mulheres se sentem despreparadas para a maternidade. “Antigamente, as meninas aprendiam observando suas mães. Hoje, muitas nunca seguraram um recém-nascido antes do próprio filho”, afirma. A solidão se intensifica após o parto, quando a mãe percebe que está sozinha enquanto todos retomam suas rotinas.
Dulce define essa fase como a de “mães recém-nascidas”, marcada por inseguranças e renúncias. Mesmo mulheres com privilégios enfrentam dificuldades emocionais. “Abrir mão de desejos para cuidar de um bebê é doloroso, e a divisão de tarefas com o parceiro muitas vezes não é real”, explica.
Desafios da Maternidade
A psicoterapeuta ressalta que, após a chegada do bebê, é essencial que as mães também recebam cuidado. Os dilemas emocionais se intensificam, especialmente na hora de colocar limites. “Crianças precisam atravessar sentimentos difíceis. Os pais devem tolerar isso”, diz Dulce. Ela critica a ideia de que os filhos devem estar felizes o tempo todo, enfatizando que a frustração é parte do crescimento.
Outro ponto abordado é a busca por perfeição, exacerbada pelas redes sociais. “A fantasia de que a mãe deve estar feliz o tempo inteiro é irreal. O bebê precisa de uma mãe que esteja bem, não perfeita”, afirma. A pressão por uma maternidade idealizada pode gerar angústia e sobrecarga emocional.
A Necessidade de Políticas Públicas
Dulce também destaca a desigualdade social na experiência da maternidade no Brasil. Mulheres em situação de vulnerabilidade enfrentam desafios ainda maiores, como a falta de tempo e espaço para refletir sobre a maternidade. “Elas voltam ao trabalho poucos dias após o parto, e a licença maternidade é curta”, critica.
Para Dulce, é urgente desenvolver políticas públicas que garantam tempo e apoio às mães. “A maternidade exige presença, cuidado e condições mínimas para ser exercida com dignidade”, conclui.
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