Oposição busca preservar mandato de Eduardo Bolsonaro com licença de 240 dias

Deputados da oposição na Câmara dos Deputados retomaram a discussão sobre propostas que podem facilitar a permanência de Eduardo Bolsonaro (PL-SP) no exterior, mesmo após o término de sua licença de 120 dias. As iniciativas visam alterar o regimento da Casa, permitindo um afastamento de até 240 dias por ano e a criação da figura do "deputado remoto", que possibilitaria a atuação parlamentar fora do país.

As propostas foram apresentadas há menos de um mês e ganharam força após a licença de Eduardo Bolsonaro expirar no último domingo. A primeira proposta, liderada por Evair de Melo (PP-ES), sugere que parlamentares possam exercer suas funções sem a necessidade de presença física no plenário em situações excepcionais. A segunda, de Sóstenes Cavalcante (RJ), busca dobrar o tempo de licença por interesse particular, atualmente limitado a 120 dias, com o argumento de que isso garantiria “equidade” em relação a servidores públicos federais.

Negociações Paralelas

Além das mudanças no regimento, aliados de Eduardo Bolsonaro estão em negociações para sua possível nomeação em uma secretaria estadual. Essa alternativa permitiria que ele permanecesse fora do país com uma licença oficialmente autorizada pela Câmara. Os governadores Jorginho Mello (PL), de Santa Catarina, e Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo, são os nomes mais cogitados para essa indicação.

Entretanto, a ideia enfrenta resistência, especialmente de governadores como Ronaldo Caiado (União Brasil), em Goiás, e Romeu Zema (Novo), em Minas Gerais, que expressaram desconforto em nomear um secretário que reside fora do país. Mesmo em estados mais favoráveis ao bolsonarismo, a possibilidade de pagar um salário público a alguém que vive no exterior gera controvérsias.

Com as eleições de 2026 se aproximando, o apoio da família Bolsonaro continua sendo um ativo valioso, o que pode tornar essa articulação mais atrativa para os aliados. As propostas de alteração do regimento e a negociação para a secretaria estadual seguem em andamento, aguardando despacho do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB).