Mulheres têm menos infartos, mas enfrentam maior mortalidade que homens
Estudo revela que mortalidade feminina por infarto é mais que o dobro da masculina, evidenciando desigualdade no atendimento e riscos hormonais

Infarto em mulheres: dor nas costas, cansaço, náuseas ou mal-estar podem ser sinais do ataque cardíaco (Foto: iStock/Getty Images)
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Um estudo da Rede D’Or revelou que, em 2025, 1 em cada 9 mulheres que sofreram um infarto com supra de ST não sobreviveu, em comparação com 1 em cada 21 homens. Essa pesquisa, apresentada no Congresso Internacional de Cardiologia da Rede D’Or, destaca a desigualdade no atendimento e os riscos hormonais que afetam as mulheres.
Os dados, que abrangem o período de 2020 a 2025, mostram que, em anos anteriores, as mulheres representaram a maioria das mortes por infarto com supra de ST. Em 2022, a mortalidade feminina atingiu 14,5%, mais que o dobro da registrada entre os homens. Para infartos sem supra de ST, a situação é semelhante: em 2024, 1 em cada 19 mulheres morreu, enquanto entre os homens, a proporção foi de 1 em cada 46.
Fatores de Risco e Diagnóstico
Um dos principais fatores que contribuem para essa disparidade é a percepção equivocada de que o infarto é uma condição masculina. Isso leva a diagnósticos tardios, pois os sintomas nas mulheres costumam ser mais sutis, como dor nas costas e cansaço, frequentemente confundidos com problemas musculares ou ansiedade. Glaucia Moraes, presidente do Departamento de Cardiologia da Mulher da Sociedade Brasileira de Cardiologia, ressalta a necessidade de campanhas de conscientização para que os profissionais de saúde reconheçam esses sinais.
Além disso, as diferenças biológicas entre os gêneros influenciam o risco. As mulheres, com artérias menores, enfrentam mais complicações durante procedimentos cardíacos. As mudanças hormonais, especialmente após a menopausa, também aumentam a vulnerabilidade ao infarto. Olga Souza, diretora nacional de cardiologia da Rede D’Or, explica que a perda de estrogênio diminui a proteção do coração.
Preconceitos e Desigualdades
Estudos indicam que a mortalidade entre mulheres com infarto é três vezes maior do que entre homens, com uma disparidade ainda mais acentuada entre mulheres negras. Denilson Albuquerque, professor da UERJ, destaca que mulheres, especialmente negras, costumam esperar mais para serem atendidas em emergências. O estigma que rotula os sintomas femininos como “emocionais” prejudica o diagnóstico e o tratamento.
Outro fator preocupante é o uso inadequado de hormônios, como o “chip da beleza”, que pode aumentar o risco de infartos. Moraes alerta que muitas mulheres, em busca de bem-estar, utilizam substâncias que podem ser prejudiciais à saúde cardiovascular. A reposição hormonal, quando feita de forma criteriosa, pode ser benéfica, mas o uso indiscriminado traz riscos sérios.
A pesquisa da Rede D’Or evidencia a necessidade urgente de uma abordagem mais inclusiva e informada sobre a saúde cardiovascular das mulheres, visando reduzir as desigualdades e melhorar os desfechos clínicos.
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