Gene mutante ameaça eficácia de antibióticos contra infecções hospitalares
Cientistas identificam mutação que torna Enterococcus faecium mais vulnerável a tratamentos, abrindo caminho para novas terapias antibacterianas

Grupo de bactérias da espécie Enterococcus faecium resistente à vancomicina (VRE), no formato de duas cúpulas circulares, de cor azul sulferino (Foto: USP Imagens)
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Uma equipe de cientistas, liderada pela professora Ilana Camargo, do Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da USP, fez uma descoberta significativa sobre o Enterococcus faecium resistente à vancomicina (VRE). O estudo, publicado na revista International Journal of Molecular Sciences, revela que uma mutação no gene LafB aumenta a sensibilidade da bactéria ao antibiótico daptomicina e reduz sua virulência.
A resistência antimicrobiana é uma preocupação crescente, e a Organização Mundial da Saúde (OMS) classifica o VRE como alvo prioritário para o desenvolvimento de novos antibióticos. As opções de tratamento estão se tornando escassas, tornando a pesquisa ainda mais relevante. A cepa clínica brasileira HBSJRP18, analisada pelos pesquisadores, apresentou hipersensibilidade à daptomicina, um dos últimos recursos disponíveis.
Descobertas Importantes
Os cientistas identificaram que a mutação W193R no gene LafB desestabiliza a proteína, afetando sua função e tornando a bactéria mais vulnerável ao antibiótico. Além disso, a cepa mutante demonstrou menor crescimento e formação de biofilmes, estruturas que protegem as bactérias. Em testes com o modelo animal Galleria mellonella, as larvas infectadas com a cepa mutante sobreviveram por mais tempo em comparação com aquelas expostas à versão sem a mutação.
Esses resultados indicam que a LafB pode ser um alvo promissor para terapias combinadas. Ao inibir sua função, é possível restaurar a eficácia da daptomicina contra cepas resistentes. A professora Ilana Camargo destaca que essas descobertas oferecem novas perspectivas para o desenvolvimento de medicamentos que atuem em conjunto com antibióticos existentes.
Colaboração e Financiamento
A pesquisa envolveu colaboração com instituições renomadas, como a Universidade da Flórida e a Harvard Medical School. O estudo foi financiado por agências como a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Em um cenário global de crescente resistência bacteriana, cada avanço como este representa uma esperança para tratamentos mais eficazes e menos letais.
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