Haddad prevê resposta rápida da inflação às altas da Selic e admite arrependimento sobre dólar

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, declarou que os efeitos das recentes altas na taxa Selic sobre a inflação devem ser percebidos mais rapidamente do que o esperado. Em entrevista à GloboNews, Haddad afirmou que o "choque de juros foi muito forte", o que pode levar a uma acomodação mais ágil dos preços. Desde dezembro, a Selic foi elevada em 2 pontos percentuais, alcançando 13,25% ao ano, com uma nova alta de 1 ponto percentual prevista para março.

Apesar das expectativas de que a inflação permaneça acima do teto da meta até junho, Haddad minimizou a importância de uma carta que o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, teria que escrever em caso de descumprimento. O ministro acredita que, mesmo que isso ocorra, o cenário do Banco Central já estará se ajustando para convergir à meta de inflação de 3%, com uma tolerância de 1,5 ponto percentual.

Os resultados do Questionário Pré-Copom indicam que 51% dos respondentes esperam uma alta de 0,50 ponto percentual na Selic em maio, enquanto 34% projetam um aumento de 0,75 ponto percentual. O Copom não fez sinalizações claras para essa reunião, e a decisão dependerá da evolução da inflação. A mediana das projeções para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) é de 5,34% para este ano.

Haddad também comentou sobre a importância de uma política monetária calibrada, evitando excessos que possam prejudicar a economia. Ele acredita que a combinação de uma safra favorável e a queda do dólar pode resultar em surpresas positivas para a inflação. O ministro reconheceu, no entanto, que sua declaração anterior sobre o dólar foi imprudente e que o câmbio flutuante é essencial para lidar com choques externos.