30 de mar 2025
Governo precisa de política fiscal eficaz para combater a inflação crescente
Banco Central reduz projeção do PIB e mantém foco na inflação, enquanto governo Lula intensifica estímulos ao consumo, complicando o cenário econômico.
O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo — Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil/27/03/2025 (Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil)
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Os efeitos da política monetária restritiva do Banco Central (BC) começam a ser percebidos, com a redução da projeção de crescimento do PIB de 2,1% para 1,9% para este ano. A prévia da inflação de março foi de 0,64%, dentro das expectativas do mercado, mas ainda assim abaixo do que muitas instituições financeiras previam. A inflação acumulada em 12 meses está em 5,26%, superando o limite superior da meta de 4,5%, gerando incertezas sobre a eficácia do aperto monetário. O presidente do BC, Gabriel Galípolo, classificou o cenário como "incômodo" e indicou que a meta de inflação só deve ser alcançada em 2027.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem demonstrado dificuldades em aceitar a independência do BC, sugerindo que a inflação é um problema secundário em relação ao desemprego. Lula insinuou que a autoridade monetária deveria estar subordinada ao Executivo. Após críticas à gestão de Roberto Campos Neto, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que Galípolo é forçado a aumentar os juros devido à falta de ações do governo para equilibrar as contas públicas, que, ao contrário, têm estimulado o consumo.
Recentemente, Lula liberou R$ 12 bilhões do FGTS para 12,2 milhões de trabalhadores que optaram pelo saque-aniversário. Haddad também enviou ao Congresso uma proposta de isenção e redução do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 7 mil, o que deve injetar mais R$ 28 bilhões no consumo. À medida que se aproxima o ano eleitoral de 2026, é esperado que novas medidas de estímulo sejam adotadas, mesmo que isso possa aumentar a pressão inflacionária, como já ocorreu em gestões anteriores.
O mercado espera que o PIB cresça 1,9%, conforme a projeção do BC, mas a inflação permanece em 5,65%. A percepção é de que apenas Haddad defende uma política fiscal equilibrada, enquanto o BC continua a ser o principal responsável por controlar a inflação. Desde que assumiu a Diretoria de Política Monetária, Galípolo tem seguido a linha de aumento de juros, com duas altas já implementadas. A ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) indica que a inflação elevada requer uma restrição monetária prolongada, com uma nova alta de 0,75 ponto prevista para a próxima reunião.
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