Economia

Brasil lidera exportações, mas preços de alimentos continuam nas alturas

O Brasil, líder em exportações agrícolas, enfrenta alta de preços de alimentos. A agricultura familiar, com 77% das propriedades, luta contra baixa produtividade. A falta de técnicas modernas e conhecimento agrava a crise alimentar no país. Apenas 20,2% dos agricultores têm acesso à Assistência Técnica e Extensão Rural. A baixa oferta de alimentos resulta em preços elevados e demanda reprimida.

Alimentos in natura pressionam a inflação: mudanças no clima atrapalham o cultivo e impedem queda de preços (Foto: Guito Moreto/Agência O Globo)

Alimentos in natura pressionam a inflação: mudanças no clima atrapalham o cultivo e impedem queda de preços (Foto: Guito Moreto/Agência O Globo)

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A frase atribuída a Pero Vaz de Caminha, "Nesta terra, em se plantando, tudo dá", reflete uma visão otimista sobre a agricultura no Brasil, mas a realidade é mais complexa. Embora o país tenha se destacado na produção de café e cana-de-açúcar, a concorrência internacional, especialmente das Antilhas no século 17, e a exaustão do solo no Vale do Paraíba no final do século 19 impactaram esses ciclos. A soja, que começou a ser cultivada modestamente na década de 1960, teve seu crescimento impulsionado pela Embrapa, que introduziu cultivares adaptados e novas técnicas de manejo, resultando no Brasil como o terceiro maior produtor de alimentos e o maior exportador líquido do mundo.

Apesar dessa posição de destaque, os preços dos alimentos no Brasil aumentaram 485% desde janeiro de 2000, superando a inflação geral de 329%. Itens essenciais como arroz, feijão e tomate tiveram aumentos ainda mais acentuados, com a laranja-pera subindo 1.600%. Essa disparidade entre a produção voltada para exportação e os preços internos reflete a realidade de muitos brasileiros, que enfrentam dificuldades para acessar alimentos a preços acessíveis.

A agricultura familiar, que representa 77% das propriedades rurais, enfrenta desafios significativos. Embora responda por uma parte importante da oferta interna de produtos como leite e hortifrutis, sua baixa produtividade é preocupante. O Censo Agropecuário de 2017 revelou que apenas 31,3% das lavouras utilizam rotação de culturas e apenas 20,2% recebem assistência técnica. A falta de conhecimento e a baixa adoção de técnicas modernas são barreiras que dificultam o aumento da produtividade.

A baixa produtividade resulta em oferta insuficiente de alimentos e preços elevados, exacerbando a demanda reprimida. A pandemia evidenciou essa situação, com um aumento no consumo de alimentos entre as camadas populares. Para resolver esses problemas, não basta aumentar o crédito; é essencial priorizar políticas públicas que promovam treinamento e formação de capital humano, permitindo um uso mais eficiente dos recursos disponíveis.

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