18 de mai 2025
Marajó enfrenta erosão e pobreza extrema enquanto se prepara para a COP30
Erosão e maré alta transformam Marajó em refúgio ambiental, enquanto a COP30 destaca a urgência de soluções para a pobreza e a crise climática.
Campo alagado em Marajó: uma paisagem típica da maior ilha fluviomarinha do mundo. Este fica na zona rural de Salvaterra. Os campos ficam sob a água no inverno amazônico, a estação das chuvas (Foto: Ana Lucia Azevedo / Agência O Globo)
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Marajó, um arquipélago no Pará, enfrenta sérios problemas socioeconômicos, com altos índices de pobreza e baixos indicadores de desenvolvimento humano. Recentemente, a erosão costeira e a maré alta têm devastado comunidades, forçando moradores a se tornarem refugiados ambientais. A COP30 é vista como uma oportunidade para destacar esses problemas, além do desmatamento.
Na comunidade do Pesqueiro, na Reserva Extrativista Marinha de Soure, a maré alta tem causado estragos. Lucineide Borges, moradora de 52 anos, relata que sua casa, antes a um quilômetro do rio, agora está ameaçada pelas ondas. “A noite é pior. A maré cresce e somos quatro aqui, achando que a qualquer momento seremos levadas pelas águas”, afirma. Os vizinhos, muitos desalojados, tentam arrecadar recursos para construir novas casas, mas a falta de terrenos seguros é um desafio.
Três municípios de Marajó estão entre os dez com menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDHM) do Brasil. Melgaço, Chaves e Bagre apresentam índices alarmantes, enquanto Soure e Salvaterra têm IDHM médio, mas com mais da metade da população vivendo em extrema pobreza. A ecóloga do Museu Paraense Emílio Goeldi, Ima Vieira, destaca que Marajó é uma síntese da Amazônia, com riqueza cultural e biodiversidade, mas também com altos índices de miséria.
A erosão costeira é agravada por fatores humanos e climáticos. Um estudo da Universidade Federal de Minas Gerais revela que a erosão se intensificou nas últimas cinco décadas. Seis dos doze municípios da ilha enfrentam áreas de risco. A pesquisa indica que a vulnerabilidade ao clima aumenta devido ao desmatamento e à urbanização desordenada.
Além da erosão, a falta de saneamento básico é crítica. Cerca de 68,6% da população de Marajó não tem acesso a água tratada. A coleta de esgoto é praticamente inexistente, o que resulta em altos índices de doenças. A presidente do Instituto Trata Brasil, Luana Pretto, alerta que a qualidade da água é precária e afeta a saúde e o desenvolvimento socioeconômico da população.
Marajó, com sua rica cultura e biodiversidade, enfrenta desafios que exigem atenção urgente. A COP30 pode ser uma plataforma para chamar a atenção para a realidade da região, que vai além do desmatamento.
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