21 de jun 2025

Mobilidade social no Brasil enfrenta desafios persistentes e alarmantes
Apenas 2,5% das crianças nascidas entre os 20% mais pobres do Brasil conseguem ascender aos 20% mais ricos, segundo o Atlas da Mobilidade.

O contraste entre o bairro da Gávea e a Favela da Rocinha, no Rio: baixa mobilidade social persiste no Brasil (Foto: Custodio Coimbra/Agência O Globo)
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O Atlas da Mobilidade, elaborado pelo Instituto Mobilidade e Desenvolvimento Social (IMDS), revela que apenas 2,5% das crianças nascidas entre os 20% mais pobres do Brasil conseguem ascender aos 20% mais ricos. Este dado alarmante destaca a baixa mobilidade social no país, que se mostra ainda mais crítica em comparação com outras nações.
A pesquisa mostra que, na Região Sul, os filhos de famílias com rendimento na metade inferior têm 41% de chance de permanecer na mesma classe social, com apenas 3% alcançando os 10% de maior renda. No Norte e Nordeste, a situação é ainda mais desoladora: mais de 75% das crianças não conseguem sair da classe social dos pais, e apenas 1,3% ascende ao topo. No Brasil como um todo, os números são 66% e 1,8%, respectivamente.
A desigualdade social no Brasil é um problema persistente, onde o status social dos pais é um fator determinante para o futuro dos filhos. Em comparação, nos Estados Unidos, o percentual de mobilidade é três vezes maior, enquanto na Itália é quatro vezes maior e na Suécia chega a ser seis vezes maior. A educação de qualidade, que é mais acessível aos filhos de famílias ricas, perpetua essa desigualdade.
Além disso, mesmo com o aumento da escolarização desde a década de 1980, os salários reais dos formados em diferentes níveis de ensino diminuíram. Em 2023, um diploma de ensino médio não garante mais um salário de R$ 4 mil, valor que exigia apenas esse nível de escolaridade há 40 anos. O economista Naercio Menezes Filho destaca que a demanda por profissionais não acompanhou o crescimento da escolarização.
Para melhorar a mobilidade social e aproximar o Brasil de um ideal meritocrático, é crucial investir na qualidade da educação pública, especialmente nos estados com os piores desempenhos. A falta de oportunidades justas contribui para a perpetuação da desigualdade, gerando problemas como injustiça social e ineficiência econômica.
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