Brasil precisa de US$ 6 trilhões até 2050 para zerar emissões, aponta BloombergNEF

O Brasil, que já possui um dos setores de energia mais limpos do G20, precisará investir US$ 6 trilhões até 2050 para acelerar a descarbonização de sua economia, segundo a BloombergNEF. O relatório indica que as emissões relacionadas à energia devem cair 14% até 2030 e 70% até 2040, com o objetivo de zerar as emissões líquidas. O maior desafio será a eletrificação do transporte, que representa mais da metade das emissões do setor energético.

A análise é especialmente relevante, pois o Brasil se prepara para sediar a COP30, conferência da ONU sobre clima, onde os países devem reafirmar seu compromisso com o Acordo de Paris. Para atingir suas metas climáticas, o Brasil deve combater o desmatamento e as emissões agrícolas, que, juntas, respondem por 63% das emissões de gases de efeito estufa. O relatório aponta que, mesmo com esforços, o Brasil pode não se alinhar com as metas de aquecimento global de 1,5 ºC, podendo chegar a 2,6 ºC sem apoio político adicional.

O setor elétrico brasileiro, quase totalmente descarbonizado, ainda enfrenta desafios em outros setores que dependem de combustíveis fósseis. Vinicius Nunes, pesquisador da BNEF, destaca que metade do consumo final de energia ainda é de combustíveis fósseis. A agricultura e a floresta amazônica também são cruciais para a descarbonização, pois a mudança no uso da terra e a agricultura contribuem significativamente para as emissões.

A transição para energias renováveis, como solar e eólica, é vista como uma solução econômica viável. Espera-se que essas fontes superem a hidroeletricidade até 2050. Embora o Brasil seja um grande produtor de biocombustíveis, a eletrificação dos veículos deve aumentar, com a expectativa de que os veículos elétricos representem 59% das vendas até 2040. O investimento em tecnologias de captura de carbono e combustíveis sustentáveis será essencial para a transição, tornando a mudança climática uma oportunidade econômica para o país.