Cacau atinge preços recordes e impacta custo dos chocolates na Páscoa de 2025

O aumento global do custo do cacau, que chegou a 180% em dois anos, impacta diretamente os preços dos produtos de Páscoa e a produção do setor. A alta se intensificou no segundo semestre do ano passado, devido à quebra de safra nos principais países produtores africanos, como a Costa do Marfim, que enfrenta ondas de calor e seca, afetando a oferta. Letícia Barony, assessora técnica da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), destacou que essa situação compromete o desenvolvimento das plantas e a formação dos frutos.

Em Gana, o segundo maior produtor, há sinais de recuperação na produção, com o governo prevendo uma colheita mais favorável. No Brasil, que ocupa a sexta posição mundial na produção de cacau, a expectativa é de aumento na safra após anos de quedas, especialmente nas regiões do Pará e Bahia, onde a produção anual é de cerca de 300 mil toneladas. No entanto, a volatilidade do mercado e os altos custos continuam a pressionar os preços, refletindo na cadeia de valor do setor.

Os preços do cacau atingiram níveis recordes em 2024, tornando-se a commodity mais cara do mundo, com um aumento de 35% nos preços do chocolate na Europa desde 2020. A escassez de cacau, resultante de uma colheita catastrófica e da disseminação do vírus CSSV, que afeta a produtividade, tem gerado dificuldades para agricultores e fabricantes. A Organização Internacional do Cacau relatou que 81% das plantações em Gana estão infectadas, e a situação é semelhante na Costa do Marfim, onde cerca de 60% da produção mundial já foi impactada.

Enquanto grandes fabricantes de chocolate conseguem repassar os custos aos consumidores, pequenos produtores enfrentam dificuldades. A fabricante suíça Lindt e outros varejistas europeus já ajustaram seus preços em resposta ao aumento dos custos. No Brasil, os preços dos ovos de chocolate e produtos derivados estão 14% mais altos em relação ao ano anterior, e a expectativa é de que a produção de ovos de chocolate diminua em 20% neste ano. A falta de investimentos em práticas agrícolas sustentáveis e a pressão sobre os preços do cacau levantam preocupações sobre o futuro da produção e a viabilidade do setor.