19 de mai 2025

Mercado de carbono enfrenta crise e desafios para a sustentabilidade ambiental
Queda de 27% na emissão de créditos de carbono e nova metodologia da Verra prometem reconfigurar o mercado até 2029.
Foto:Reprodução
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Ainda enfrentando os efeitos de uma crise de credibilidade, o mercado global de carbono registrou uma queda de 27% na emissão de novos créditos no primeiro trimestre de 2025. O total de créditos emitidos caiu de 85 milhões para 62 milhões, conforme dados da Systemica, empresa especializada em projetos de carbono. O analista Rodrigo Matte aponta que a crise reputacional impactou os preços, que recuaram para US$ 4,80, uma redução de até 60% em relação ao período anterior.
A reformulação da metodologia da Verra, principal certificadora de créditos de carbono, também contribuiu para a diminuição das emissões. Matte explica que o processo de certificação agora é mais rigoroso, resultando em menos créditos emitidos. A crise teve início em janeiro de 2023, quando reportagens revelaram que muitos créditos reconhecidos pela Verra não compensavam as emissões como prometido.
Mudanças na Metodologia
Em resposta à crise, a Verra anunciou uma nova metodologia de certificação no final de 2024. Munir Soares, CEO da Systemica, acredita que essa mudança pode estimular o lançamento de novos projetos. Ele espera que a situação se normalize até junho, permitindo que o mercado ganhe tração novamente. Apesar da leve alta na demanda, que passou de 55 milhões para 56 milhões de créditos, o crescimento foi modesto em comparação ao ano anterior.
O estoque total de créditos disponíveis no mercado atingiu 1 bilhão, com uma expansão de 9% em relação ao primeiro trimestre de 2024. A Systemica prevê que o estoque avance menos de 1% em 2025 e que, até 2029, a oferta de créditos seja inferior à demanda. Soares destaca que a nova metodologia pode reduzir as emissões de carbono em até 70%.
Perspectivas e Desafios
Ronaldo Seroa da Motta, professor de economia da UERJ, vê um cenário desafiador para a recuperação do setor. Ele observa que o estoque de créditos ainda é elevado e que o aumento na demanda permanece fraco. Além disso, o discurso de líderes políticos, como o ex-presidente dos EUA Donald Trump, tem desencorajado empresas a se comprometerem com a redução de emissões.
No primeiro trimestre de 2025, a participação no SBTi (Science Based Targets) superou 10 mil empresas, mas o crescimento de novos participantes caiu 29% em relação ao ano anterior. Matte, da Systemica, observa que a demanda por créditos mais recentes está aumentando, com projetos considerados de alta integridade sendo negociados a prêmios de até 52%. Projetos de reflorestamento, por exemplo, têm créditos que chegam a US$ 50.
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