27 de mai 2025
Empresas de energia eólica buscam proteção contra seca de ventos na Europa
Empresas de energia na Europa buscam derivativos climáticos para se proteger da "seca eólica", após quedas históricas na velocidade do vento.
Parque eólico na Alemanha: setor enfrenta momento de ventos mais fracos em três décadas. (Foto: Liesa Johannssen/Bloomberg)
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Empresas de serviços públicos na Europa buscam proteção contra a "seca eólica"
Após um investimento de US$ 380 bilhões na última década para quase dobrar a capacidade de geração de energia eólica, empresas de serviços públicos na Europa enfrentam desafios devido à queda histórica nas velocidades do vento. Esse fenômeno, conhecido como "seca eólica", tem levado as companhias a buscar proteção por meio de derivativos climáticos.
As velocidades do vento na Europa entre fevereiro e abril de 2023 apresentaram a maior queda em relação às médias históricas desde 1940, conforme dados do Climate Change Institute da Universidade do Maine. Essa situação tem gerado um aumento na demanda por hedging (proteção financeira) entre as empresas do setor. Pierre Buisson, da resseguradora Munich Re, relatou um aumento significativo nas solicitações de contratos de hedge para o verão do hemisfério norte.
As operadoras estão adquirindo contratos que garantem compensação caso a produção eólica fique abaixo do esperado. Assim, se uma empresa não conseguir gerar a quantidade prevista de energia devido à baixa intensidade do vento, receberá compensação de sua contraparte, como Munich Re ou Swiss Re AG. Embora os derivativos meteorológicos existam há décadas, o mercado de hedging eólico permanece opaco, sem dados claros sobre sua disseminação.
Aumento da demanda por hedging
A European Energy Exchange e a Nasdaq lançaram contratos eólicos, mas esses não ganharam força no mercado. A maioria dos acordos é feita diretamente entre as empresas de serviços públicos e as seguradoras. Os maiores produtores eólicos da região aumentaram sua capacidade, mas enfrentam dificuldades. A espanhola Iberdrola teve um pequeno ganho na produção, enquanto a dinamarquesa Orsted viu sua produção cair. A RWE, maior produtora de energia da Alemanha, registrou uma queda de até um terço na produção eólica offshore.
Patricio Alvarez, analista sênior da Bloomberg Intelligence, destacou que empresas como a RWE podem perder dezenas de milhões de euros devido à persistência de ventos fracos. A energia elétrica na Europa continua mais cara do que antes da crise energética, dificultando a substituição de déficits de produção.
Condições climáticas adversas
A queda na velocidade média dos ventos é atribuída a padrões climáticos de alta pressão, que têm sido frequentes na Europa. Robin Girmes, ex-trader meteorológico da RWE, expressou preocupação com a possibilidade de que a tendência de ventos fracos persista. Embora o aquecimento global torne o clima mais imprevisível, não há explicações claras para essa sequência de calmaria.
Os modelos de previsão indicam que os períodos de baixa velocidade do vento podem se estender até o verão, aumentando a necessidade de cobertura. Ralph Renner, da Parameter Climate, ressaltou que a volatilidade do vento pode impactar significativamente os preços, tornando o hedging eólico ainda mais atraente. A velocidade média dos ventos na Alemanha em abril foi a mais baixa desde 1996, evidenciando os desafios enfrentados pelas operadoras.
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