01 de jul 2025

Egito enfrenta crise de dívida enquanto cidadãos vivem em crescente pobreza
Egito enfrenta crise de dívida de quase 153 bilhões de dólares, enquanto austeridade severa compromete educação e saúde da população.

Obras em um dos distritos residenciais da Nova Capital Administrativa do Egito pouco depois de começar sua construção em 2018. (Foto: Marc Español)
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Egito enfrenta crise de dívida e austeridade severa
O Egito está enfrentando uma crescente carga da dívida externa, que atingiu quase 153 bilhões de dólares. Essa situação tem levado o governo a implementar severas políticas de austeridade, afetando diretamente setores essenciais como educação e saúde. Enquanto isso, novos mega projetos continuam a ser anunciados.
Desde a ascensão de Abdelfatá Al Sisi à presidência em 2014, a dívida externa do Egito aumentou de 46 bilhões de dólares para os atuais 153 bilhões. Aproximadamente um terço dessa dívida foi contraído com instituições multilaterais, como o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial. A maior parte dos recursos foi destinada a cobrir déficits orçamentários e financiar grandes obras de infraestrutura, em vez de investimentos em serviços sociais.
A nova capital em construção, situada no deserto, é um dos principais projetos do governo. No entanto, a realidade é que a cidade ainda não abriga muitos moradores. O governo tem utilizado a dívida como uma forma de sustentar sua autoridade, mas o pagamento dessa dívida está se tornando uma pesadelo crescente. Em junho de 2023, 65% do gasto público foi destinado ao serviço da dívida, enquanto 53% dos novos recursos foram obtidos por meio de novas dívidas.
Impactos sociais da austeridade
As políticas de austeridade têm gerado impactos diretos na vida da população. O investimento em educação e saúde está em níveis alarmantemente baixos, com apenas 1,7% do PIB destinado à educação e 1,16% à saúde, muito abaixo dos mínimos constitucionais de 4% e 3%, respectivamente. As escolas públicas enfrentam superlotação, e as famílias estão cada vez mais recorrendo a aulas particulares.
No setor de saúde, a situação é igualmente preocupante. Entre 2012 e 2019, o número de hospitais públicos caiu, enquanto o setor privado cresceu. A falta de recursos tem levado a uma deterioração dos serviços, forçando os cidadãos a arcar com custos que antes eram cobertos pelo Estado.
A inflação disparou, atingindo 38% em alguns momentos, e a moeda egípcia perdeu 68% de seu valor em cinco anos. Isso resultou em um aumento significativo da pobreza entre as classes baixa e média, com 74% das famílias reduzindo gastos com alimentação desde o início da guerra na Ucrânia.
O governo egípcio, sob pressão para atender às exigências de credores internacionais, tem buscado alternativas, como a privatização de empresas estatais e a concessão de terrenos públicos. Em um movimento inédito, o Egito firmou um acordo com a China para trocar parte de sua dívida por futuros projetos de desenvolvimento, buscando aliviar a pressão financeira.
A situação atual do Egito ilustra um dilema complexo: enquanto o governo investe em grandes projetos, a população enfrenta uma realidade de austeridade e cortes em serviços essenciais.
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