ONU busca engajar setor privado diante de cortes em investimentos para o desenvolvimento

A cúpula da ONU em Sevilla destaca a urgência de mobilizar quatro trilhões de dólares anuais para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) até 2030. A ajuda pública, considerada insuficiente, não é capaz de enfrentar os desafios globais, como a pobreza e o aquecimento climático.

Durante o evento, Sanda Ojiambo, diretora executiva do Pacto Mundial da ONU, enfatizou que há capital suficiente no mundo para atingir essa meta, mas é necessário direcioná-lo adequadamente. O documento final da cúpula propõe um ambiente favorável ao investimento privado, incluindo garantias e parcerias público-privadas.

O presidente do Governo da Espanha, Pedro Sánchez, destacou que a investimento estrangeiro direto caiu pela metade nos países em desenvolvimento desde 2008, passando de quase 5% do PIB para apenas 2,3% em 2023. Para reverter essa tendência, é fundamental criar condições que reduzam os riscos percebidos pelos investidores.

Necessidade de um Ambiente Favorável

Antonio H. Pinheiro Silveira, do Banco de Desenvolvimento da América Latina e Caribe (CAF), apontou que garantias de investimento e instrumentos financeiros inovadores são essenciais para atrair capital privado. Ojiambo também ressaltou a importância de um ambiente econômico estável e de uma regulamentação coerente entre países.

Na África, Mahmoud Ali Youssouf, presidente da Comissão da União Africana, afirmou que o setor privado é crucial para a Agenda 2063, propondo a simplificação de processos burocráticos e o fortalecimento do setor bancário. A Zona Continental Africana de Livre Comércio é um exemplo do compromisso do continente em criar um ambiente propício para investimentos sustentáveis.

Iniciativas para Reduzir Riscos

O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) lançou em Sevilla a plataforma FX EDGE, que visa mitigar a volatilidade cambial, uma barreira significativa para investimentos em países em desenvolvimento. Essa iniciativa permitirá que países da América Latina e Caribe aumentem sua resiliência financeira e atraiam capital internacional.

Em Lesoto e Zâmbia, os governos estão focados em alianças público-privadas e incentivos fiscais para atrair investimentos em infraestrutura e energias renováveis. A colaboração entre os setores público e privado é vista como um caminho para o crescimento econômico e a realização dos ODS.

A cúpula em Sevilla não apenas destaca a necessidade de investimentos, mas também a importância da responsabilidade social das empresas. Ojiambo alertou sobre o risco do bluewashing, onde empresas exageram seu compromisso social. A rendição de contas é fundamental para garantir que os investimentos realmente contribuam para o desenvolvimento sustentável.