Investidores se preparam para tarifas de Trump com estratégias do passado

Às vésperas do fechamento de acordos comerciais com os Estados Unidos, os mercados globais demonstram calma aparente. Apesar da ameaça de novas tarifas de até 70% anunciadas pelo presidente Donald Trump, investidores adotam um comportamento similar ao que precedeu o "Dia da Libertação", em abril. A Bloomberg reporta que operadores do mercado de opções estão utilizando estratégias semelhantes às daquela época.

Na semana passada, o índice MSCI All-Country World alcançou uma nova máxima, enquanto os indicadores de expectativa de volatilidade nos EUA, Europa e Hong Kong caíram mais de 50% em relação aos picos de abril. Esse cenário de tranquilidade também se reflete nos hedge funds, que aumentaram as compras líquidas de ações financeiras americanas ao maior nível em quase uma década, segundo dados do Goldman Sachs.

O pessimismo que dominou os meses anteriores parece ter ficado para trás. Desde abril, os mercados enfrentaram eventos como o conflito no Oriente Médio e incertezas sobre tarifas, mas conseguiram se manter firmes. O S&P 500 atingiu um novo recorde na quinta-feira, enquanto os mercados asiáticos e europeus mantiveram os ganhos, mesmo após o governo dos EUA iniciar o envio formal de notificações tarifárias.

Excesso de Confiança

No entanto, analistas alertam para um excesso de confiança no mercado de derivativos. A estrategista Benedicte Lowe, da BNP Paribas Markets 360, observou que traders estão precificando uma oscilação de pouco mais de 1% para o Euro Stoxx 50 no dia 9 de julho. Ela destaca que operações de curto prazo se tornaram mais atrativas com o recente aumento na inclinação da curva de volatilidade.

Esse tipo de estratégia foi lucrativa em abril, quando a volatilidade disparou após os anúncios tarifários de Trump. Agora, os estrategistas do Bank of America sugerem uma abordagem semelhante no Euro Stoxx 50. Contudo, a equipe de derivativos da BNP Paribas acredita que os retornos podem ser mais modestos desta vez, uma vez que estratégias que buscavam lucrar com movimentos simultâneos entre diferentes mercados perderam força nos últimos meses.

Com as frequentes mudanças no discurso da Casa Branca, prever como as tarifas influenciarão os movimentos nos principais mercados globais se torna cada vez mais desafiador.