Trump adota táticas de reality show, mas tarifas são insustentáveis, dizem especialistas

Donald Trump anunciou a possibilidade de aumentar em 10% as tarifas de importação sobre países que se alinham ao Brics, um grupo que inclui economias emergentes. A declaração foi feita durante a cúpula do Brics no Rio de Janeiro, gerando incertezas no comércio internacional.

O economista Paulo Vicente Alves, da Fundação Dom Cabral, considera que a abordagem de Trump se assemelha a um reality show, onde o drama e a tensão são essenciais. Ele já havia ameaçado taxas de até 100% em janeiro, caso houvesse discussões sobre uma moeda alternativa ao dólar. Para Roberto Dumas, professor do Insper, a desdolarização é um processo complexo e distante, e Trump parece querer marcar território.

Embora a trégua de 90 dias esteja prestes a expirar, Alves e Dumas acreditam que uma nova rodada de tarifas não deve ocorrer imediatamente. A pressão interna para evitar impactos negativos na economia americana pode levar Trump a prorrogar as negociações. O professor da Fundação Dom Cabral destaca que um retorno ao tarifaço poderia causar caos nos mercados, afetando a inflação e a cadeia de suprimentos nos EUA.

Impactos Econômicos

A política tarifária de Trump gera incertezas que podem afetar o crescimento econômico global. A guerra comercial pode levar à formação de blocos comerciais fora dos Estados Unidos, especialmente entre os membros do Brics. José Augusto de Castro, da Associação do Comércio Exterior do Brasil, afirma que a insegurança jurídica gerada pela imprevisibilidade das ações de Trump é um dos principais problemas.

O especialista em economia internacional, Jorge Ferreira, alerta que as tarifas podem elevar a inflação nos EUA, que já depende de países como China e Índia. Ele estima que os custos de importação para empresas americanas podem aumentar em até US$ 1,2 trilhão por ano, impactando setores como siderurgia e automóveis.

As tarifas propostas podem resultar em uma recessão técnica nos EUA, com a possibilidade de um cenário de estagflação, onde inflação e desemprego aumentam simultaneamente. A situação atual reflete a complexidade das relações comerciais globais e a necessidade de um diálogo construtivo para evitar um agravamento da crise econômica.