Franco suíço se valoriza e pressiona o Banco Nacional a considerar novas taxas negativas

O fortalecimento do franco suíço como ativo de refúgio seguro ocorre em meio a incertezas econômicas globais, especialmente devido às políticas comerciais do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A moeda suíça se valorizou 10% em relação ao dólar desde o início do ano, mas essa alta traz desafios para a economia local.

A Suíça enfrenta deflação pela primeira vez desde a pandemia, com a inflação negativa impactada pela valorização do franco. O Banco Nacional Suíço (BNS) pode considerar um novo corte nas taxas de juros, possivelmente retornando a taxas negativas. A inflação suíça caiu 0,1% em maio, com os preços de bens importados caindo 2,4% em relação ao ano anterior.

Charlotte de Montpellier, economista sênior da ING, destacou que a apreciação do franco tem um impacto significativo na inflação do país. "Um franco forte reduz o custo dos bens importados, que representam 23% da cesta do Índice de Preços ao Consumidor (IPC)", afirmou. Essa situação pode levar o BNS a reavaliar suas políticas monetárias.

Possíveis Ações do Banco Nacional Suíço

O BNS já havia encerrado um período de sete anos com taxas de juros negativas em 2022. Recentemente, cortou a taxa em 25 pontos base, para 0,25%. Com os dados de inflação recentes, o banco pode ser forçado a agir novamente. A expectativa é que uma nova redução de 25 pontos base ocorra na próxima reunião, levando a taxa para -0,25%.

Lily Fang, professora de finanças na INSEAD, afirmou que as condições atuais podem levar a Suíça de volta a um ambiente de taxas negativas. "A economia suíça é pequena e aberta, dependendo do comércio internacional, especialmente com os EUA", disse. A intervenção no mercado de câmbio, vendendo francos e comprando moedas estrangeiras, é uma estratégia que o BNS pode considerar, mas que traz riscos políticos.

Desafios Políticos

A administração de Trump, que já rotulou a Suíça como manipuladora de moeda em 2020, pode complicar essa estratégia. O ex-presidente acusou o país de desvalorizar o franco em relação ao dólar. A possibilidade de novas tarifas sobre produtos suíços se torna uma preocupação para o BNS.

De Montpellier observou que qualquer intervenção do BNS pode provocar reações adversas da administração dos EUA. "O banco central pode ser forçado a agir, mas a intervenção direta no mercado de câmbio pode resultar em tarifas mais altas", concluiu.