Copom sinaliza fim do ciclo de alta dos juros, segundo economistas

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu elevar a taxa Selic em 0,25 ponto percentual, encerrando um ciclo de alta que totalizou 450 pontos-base. A decisão, anunciada em 25 de outubro de 2023, foi interpretada como um sinal de cautela, com a possibilidade de novas elevações dependendo do cenário econômico.

O Banco Central indicou uma pausa no ciclo de alta, mas enfatizou que essa interrupção é condicional à manutenção da estabilidade econômica. O comunicado destaca que o comitê está vigilante e pode ajustar a política monetária se necessário. Para o economista-chefe do banco BV, Roberto Padovani, essa decisão é uma mensagem clara de que o Banco Central está comprometido com a convergência da inflação.

Análise do Cenário

Padovani ressaltou três pontos principais do comunicado. O primeiro é o balanço de riscos, que inclui a inflação corrente e as expectativas de inflação, indicando um viés inflacionário elevado. O segundo ponto é a interrupção do ciclo de alta, que não é definitiva, mas uma pausa para avaliar os impactos do ajuste monetário já realizado. O terceiro é a disposição do Banco Central em retomar o ciclo de alta caso a inflação não converja para a meta.

Andrea Damico, economista-chefe da Amor, observou que o tom do comunicado foi mais cauteloso em relação ao crescimento econômico, o que pode justificar a pausa. Para ela, a narrativa do Banco Central parece mais voltada a justificar o fim do ciclo de alta do que a elevação da taxa.

Expectativas do Mercado

O economista Rodolfo Margato, da XP, destacou que o comunicado sinaliza uma interrupção no ciclo de alta, mas condicionada à confirmação do cenário econômico. A escolha de palavras, como "bastante prolongado", visa evitar que o mercado antecipe cortes na taxa de juros, o que poderia gerar uma contradição nas expectativas.

Apesar da elevação de 0,25 ponto, a leitura do mercado é que o comunicado pode ser interpretado como levemente dovish, especialmente pela sinalização de pausa no ciclo. O Banco Central busca manter as condições financeiras apertadas para controlar a inflação e desacelerar a economia, evitando um otimismo excessivo que poderia comprometer a estabilidade econômica.