09 de fev 2025
Metal essencial para celulares está ligado a conflitos sangrentos na África
O M23 intensificou ataques na República Democrática do Congo, controlando Goma. O tântalo, essencial para eletrônicos, é extraído em áreas dominadas pelo M23. Ruanda é acusada de apoiar o M23, com exportações de coltan aumentando 50%. O M23 cobra taxas de mineradores, gerando cerca de US$ 800 mil mensais. A Apple e outras empresas enfrentam processos por uso de "minerais de conflito".
O M23 é suspeito de usar o dinheiro que arrecada com o controle das minas de coltan para pagar guerrilheiros e financiar armas. (Foto: EPA via BBC)
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A presença de tântalo em smartphones e outros dispositivos eletrônicos está diretamente ligada a conflitos na República Democrática do Congo (RDC), onde o grupo rebelde M23 controla áreas ricas em minerais. Este metal, essencial para a operação de dispositivos, representa mais de 40% do fornecimento global, sendo extraído em condições precárias por milhares de trabalhadores. A guerra na região, marcada por violência extrema, tem gerado um cenário de horror, com milhares de mortos e graves violações de direitos humanos.
O M23, que se formou em 2012, inicialmente se apresentou como defensor dos direitos da minoria tutsi, mas a mineração tornou-se uma fonte crucial de financiamento para suas operações. Recentemente, a milícia tem cobrado taxas de mineradores e comerciantes, arrecadando cerca de US$ 800 mil mensais apenas em impostos sobre o coltan, minério do qual o tântalo é extraído. A ONU e especialistas afirmam que Ruanda apoia o M23, fornecendo treinamento e armamento, o que complica ainda mais a situação.
A Iniciativa Internacional da Cadeia de Suprimentos de Estanho (ITSCI) deveria garantir a rastreabilidade do tântalo, evitando que minerais de conflito entrem na cadeia de suprimentos global. No entanto, a implementação é desafiadora, e a corrupção é um problema recorrente. Após a entrada do M23 em Rubaya, a ITSCI suspendeu suas operações, mas o coltan continuou a ser exportado, misturando-se ao minério ruandês, o que gera preocupações sobre a contaminação das cadeias de suprimentos.
O governo congolês processou subsidiárias da Apple na França e na Bélgica por uso de minerais de conflito. A Apple afirmou ter interrompido a compra de tântalo da RDC e de Ruanda desde o início de 2024. Contudo, a falta de clareza de outras empresas sobre suas fontes de minerais levanta questões sobre a continuidade do uso de tântalo extraído em áreas controladas pelo M23, perpetuando a ligação entre tecnologia e conflitos armados.
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