26 de fev 2025
Ruanda intensifica a exploração de minerais de sangue com apoio do M-23 no Congo
Ruanda exportou R$ 852 milhões em ouro em 2023, um aumento de 75% em cinco anos. A ONU e os EUA impuseram sanções a autoridades ruandesas por apoio ao M 23. O M 23 controla minas na República Democrática do Congo, intensificando a exploração. Ruanda exporta mensalmente 150 toneladas de coltão de forma fraudulenta, gerando lucros. A ofensiva do M 23 pode alterar a geopolítica regional e o comércio de minerais.
"Um minerador trabalha em uma mina de coltan em Rubaya, na região congoleña de Kivu do Norte, em agosto de 2019. (Foto: Baz Ratner/Reuters)"
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Ruanda exportou ouro no valor de 852 milhões de euros para os Emirados Árabes Unidos em 2023, um aumento de 75% em relação aos cinco anos anteriores, conforme dados da ONU analisados pela Reuters. O crescimento repentino das exportações de um país pequeno e sem grandes depósitos conhecidos de ouro está ligado a eventos na República Democrática do Congo (RDC), onde a milícia M-23, apoiada por Ruanda, tomou o controle de regiões ricas em minerais, como cobalto, diamantes e coltão.
A ofensiva do M-23, que começou em novembro de 2021, culminou na captura de Bukavu e Goma, cidades estratégicas na RDC. O acesso a esses recursos minerais, muitas vezes classificados como "de sangue" devido ao seu papel em conflitos, é crucial para Ruanda. O presidente Paul Kagame justifica a ação do M-23 como defesa de uma comunidade tutsi discriminada, embora negue envolvimento direto. A história de conflitos na região remonta ao colapso da ditadura de Mobutu Sese Seko e ao genocídio de 1994 em Ruanda.
Desde a segunda guerra do Congo, que ocorreu entre 1998 e 2003, Ruanda tem explorado os recursos minerais da RDC, utilizando mecanismos de controle econômico e apoiando grupos armados. Em 2023, a RDC exportou 1.918 toneladas de coltão, enquanto Ruanda exportou 2.070 toneladas, superando seu vizinho pelo quinto ano consecutivo. A condenação do deputado Édouard Mwangachuchu, por traição relacionada ao M-23, destaca a complexidade da situação.
A atual ofensiva do M-23 também reflete a rivalidade geopolítica entre Ruanda e Uganda, com ambos os países buscando controlar os ricos recursos minerais da RDC. A construção de plantas de refino em Ruanda visa aumentar o valor agregado dos minerais, enquanto a ONU e a comunidade internacional reagem com sanções. Desde janeiro, a guerra no leste da RDC resultou em pelo menos 7.000 mortes, evidenciando a gravidade do conflito e a necessidade de uma resposta mais contundente da comunidade internacional.
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