Disputa bilionária na Embellezze revela desafios do planejamento sucessório no Brasil

A disputa em torno da Embellezze, um conglomerado bilionário do setor de cosméticos, ganhou novos contornos com a investigação de um suposto golpe que envolve desvios de mais de R$ 120 milhões. O caso, que envolve a ex-mulher do fundador Itamar Serpa Fernandes, Monique Elias, e seu filho, João Serpa, culminou no indiciamento de três pessoas pela Polícia Civil do Rio de Janeiro. As investigações apontam que Monique teria arquitetado um plano para afastar os filhos do empresário e manipular suas decisões financeiras.

De acordo com a Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), o golpe teria começado em 2012, com Monique utilizando um nome falso para enviar e-mails com acusações infundadas contra os filhos de Itamar. As apurações indicam que ela teria recebido R$ 74 milhões em cotas da empresa, além de bens e valores de seguro de vida. A situação se agravou após a morte de Itamar em 2023, intensificando a disputa sucessória na empresa.

Especialistas em sucessão patrimonial destacam que a falta de planejamento sucessório é um problema recorrente no Brasil. O advogado Eduardo Diamantino observa que muitas famílias evitam discutir a morte e suas implicações, o que pode levar a conflitos, como o que se vê no caso da Embellezze. A legislação brasileira garante que os filhos são herdeiros necessários, com direito a 50% do patrimônio, enquanto o restante pode ser distribuído conforme o testamento.

A Embellezze, fundada em 1969, é uma das principais marcas de cosméticos do Brasil, com presença em mais de 70 países. Após a morte de Itamar, a administração da empresa passou para seu filho mais velho, Jomar Beltrame Fernandes. A empresa afirmou que está acompanhando as investigações e que a questão é estritamente familiar, sem relação com suas operações comerciais.