A nova geração de relojoeiros resgata a arte da relojoaria no século XXI

A indústria relojoeira está vivenciando um renascimento, especialmente entre a geração Z, que demonstra crescente interesse por relógios mecânicos. Este fenômeno ocorre em meio a uma escassez de mão de obra, com a aposentadoria de relojoeiros mais velhos. Especialistas indicam que a demanda por cursos de relojoaria está aumentando, refletindo um desejo por profissões que se distanciam das telas de computador.

Comunidades online têm desempenhado um papel crucial na revitalização do setor, permitindo que entusiastas compartilhem coleções e promovam a venda de relógios vintage em plataformas como TikTok Shop. Johann Kunz-Fernandez, diretor do Programa de Formação e Educação de Relojoeiros da Suíça (WOSTEP), observa que a presença de jovens na feira Watches and Wonders, realizada em Genebra, é um sinal positivo para o futuro da profissão.

Formação e Inovação

A Kelloseppäkoulu, escola de relojoaria na Finlândia, tem se destacado ao oferecer um curso em inglês pela primeira vez em sua história de oitenta anos. A diretora Hanna Harilainen atribui o aumento na procura a um interesse crescente por "micro-marcas" independentes. Jovens relojoeiros buscam criar produtos duráveis e personalizados, refletindo uma nova abordagem ao ofício.

Entre os novos talentos, Johannes Kallinich e Thibault Claeys fundaram a Kallinich Claeys em 2022, após trabalharem juntos na A. Lange & Söhne. Eles combinam materiais clássicos e modernos, introduzindo inovações como um indicador de reserva de marcha posicionado na lateral do relógio. Claeys destaca que o trabalho manual é essencial, pois "as máquinas não conseguem replicar a alma" que cada peça carrega.

Diversidade e Inclusão

A profissão também está atraindo pessoas de diferentes idades e origens. Tiina Virtanen, ex-engenheira civil, e Jatta Berggren, ex-empreendedora, decidiram seguir a carreira de relojoeiras, buscando um trabalho mais manual e gratificante. Ambas enfrentam o desafio de serem mulheres em um setor predominantemente masculino, mas observam um aumento no interesse feminino nas escolas de relojoaria.

Shona Taine, de 27 anos, tornou-se a primeira mulher admitida na Académie Horlogère des Créateurs Indépendants. Ela fundou sua própria marca e desenvolveu um relógio que combina arte e engenharia, refletindo a liberdade criativa que a profissão oferece atualmente. Taine acredita que a percepção sobre a capacidade feminina na relojoaria está mudando, embora ainda enfrente preconceitos.

O cenário atual da relojoaria é promissor, com um aumento na diversidade e um renovado interesse por parte das novas gerações, que buscam não apenas um emprego, mas uma forma de expressão artística e artesanal.