15 de mai 2025
A alta do açaí em Belém afeta consumidores e produtores em meio à entressafra
A alta de 56% no preço do açaí em Belém gera crise entre consumidores e produtores, enquanto proposta de congelamento é vetada.
Pela primeira vez, Paulo Tenório não tem mais açaí para vender em Belém, a 'capital do açaí' (Foto: Cícero Pedrosa Neto/BBC)
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O preço do açaí em Belém aumentou 56% nos últimos quatro meses, impactando a dieta dos moradores e a renda dos produtores. O aumento é atribuído à entressafra, mudanças climáticas e à crescente demanda global pela fruta. O litro do açaí tipo grosso, muito consumido na região, passou de R$ 35,67 para R$ 52,10.
Os batedores de açaí, como Paulo Tenório, relatam dificuldades. Tenório, que atua há 12 anos na extração da polpa, teve que fechar seu negócio temporariamente e agora trabalha como motorista de aplicativo. Ele afirma que sua renda caiu 40% e que muitos consumidores estão pedindo água residual do açaí para economizar.
A qualidade do açaí também tem diminuído. O produto que chega à capital é considerado "mais fino" e menos nutritivo. Além disso, a escassez de açaí fresco faz com que os moradores busquem alternativas, como o açaí refrigerado, que se tornou mais aceito nos últimos anos.
Mudanças Climáticas e Produção
Pesquisadores apontam que as mudanças climáticas, somadas ao fenômeno El Niño, têm afetado a produção do açaí. A seca prolongada nos últimos anos resultou em uma safra menor e em frutos de qualidade inferior. Marcos da Silva, agricultor da comunidade quilombola Itacoã Miri, observa que a produtividade caiu 40% em 15 anos.
A situação é complexa para pequenos produtores, que não têm acesso a tecnologias de irrigação. A falta de água e as chuvas excessivas dificultam a colheita, levando a uma escassez de açaí fresco em Belém. A produção do Pará, que representa 90% do açaí nacional, tem sido direcionada para exportação, deixando o mercado local em crise.
Proposta de Congelamento Vetada
Uma proposta para permitir o congelamento do açaí, visando regular o preço durante a entressafra, foi vetada pelo governador do Pará, Hélder Barbalho. O veto se baseou em pareceres técnicos que apontaram inconstitucionalidade e falta de critérios sanitários. A Assembleia Legislativa do Pará poderá decidir se derruba o veto.
Os batedores temem que a proibição do congelamento beneficie grandes indústrias, que já exportam açaí congelado. A situação atual gera incertezas para os pequenos produtores, que dependem da venda local da fruta.
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