Burberry anuncia corte de 1.700 empregos para enfrentar queda histórica nas vendas

A Burberry, sob a liderança de Joshua Schulman, anunciou cortes de até 1.700 empregos, representando cerca de 20% de sua força de trabalho. A decisão foi divulgada na quarta-feira, 14 de maio, em meio a uma queda histórica nas vendas da marca britânica de moda. Schulman, que assumiu o cargo em julho do ano passado, criticou as estratégias de seus antecessores, afirmando que a empresa se afastou de suas raízes ao investir em designs de nicho e produtos de alto custo.

As vendas da Burberry caíram para o nível mais baixo desde 2014, impactadas pela fraca demanda global e incertezas comerciais. O CEO destacou que a marca se tornou "desconhecida" para os consumidores, resultando em receitas e lucros em declínio. A Burberry saiu do índice FTSE 100 no ano passado, refletindo sua luta no mercado de luxo.

A reestruturação proposta por Schulman visa economizar R$ 60 milhões nos próximos dois anos, além dos R$ 40 milhões já planejados. Os cortes de empregos afetarão principalmente a sede em Londres e a fábrica em Castleford, onde a produção dos icônicos trench coats será reduzida. Schulman anunciou um retorno ao foco em roupas externas, como trench coats e lenços, buscando revitalizar a marca.

Os investidores reagiram positivamente, com as ações da Burberry subindo 17% após o anúncio, embora ainda estejam 60% abaixo do pico pós-pandemia. Schulman reconheceu os desafios, especialmente com a instabilidade nas tarifas dos EUA, que representam 19% das vendas, e a desaceleração na região Ásia-Pacífico, responsável por quase metade das receitas.

O representante do sindicato GMB, Darran Travis, afirmou que a Burberry está ciente do momento difícil e que trabalhará em conjunto para enfrentar a situação. A estratégia de Schulman busca reaproximar a marca de sua herança, encerrando a aposta em alta moda que não trouxe resultados satisfatórios.