21 de jul 2025
Dona do Ozempic busca no STJ prorrogar patente do medicamento até 2030
Novo Nordisk busca no STJ prorrogação da patente da semaglutida, mas enfrenta desafios legais que podem impactar o acesso a medicamentos.

Caneta emagrecedora usada para aplicar o Ozempic (Foto: Divulgação)
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O laboratório dinamarquês Novo Nordisk, conhecido pelos medicamentos Ozempic e Wegovy, recorreu ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) para solicitar a extensão da patente da semaglutida, que expira em 20 de março de 2026. A farmacêutica argumenta que a demora na concessão da patente original, que foi solicitada em 2006 e aprovada apenas em 2019, prejudicou seu tempo de exclusividade.
Desde 2021, a empresa tenta prorrogar o prazo, mas já teve pedidos negados em instâncias inferiores, incluindo o Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1). O recurso foi distribuído à ministra Maria Isabel Gallotti e aguarda decisão sobre seu julgamento. A Novo Nordisk alega que, devido à longa espera, usufruiu apenas de 35% do tempo que teria direito, ou seja, cerca de sete anos.
Argumentos e Precedentes
A farmacêutica destaca que a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 5529, julgada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 2021, limitou a duração das patentes a 20 anos, eliminando a possibilidade de extensões automáticas. O advogado Fernando Canutto, especialista em propriedade intelectual, observa que o pedido da Novo Nordisk, embora busque um ajuste pontual, pode ser interpretado como uma tentativa de prolongar o monopólio, o que já foi rechaçado pelo STF.
A empresa também propõe a criação de um mecanismo de compensação de prazo de patentes, conhecido como Patent Term Adjustment (PTA), para harmonizar a legislação brasileira com práticas internacionais. Contudo, Canutto argumenta que essa mudança legislativa não cabe ao Judiciário e que apenas o Congresso poderia implementar tal ajuste.
Impacto no Sistema de Saúde
A extensão da patente pode ter implicações significativas para o Sistema Único de Saúde (SUS), já que a manutenção do monopólio poderia elevar os preços dos medicamentos. A Novo Nordisk defende que os preços são regulados pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED), mas especialistas alertam que a falta de concorrência pode onerar o sistema público.
Caso o STJ negue o pedido, a farmacêutica pode levar o caso ao STF, alegando violação de direitos constitucionais. No entanto, a expectativa é que a corte priorize o interesse público, especialmente em questões de saúde. A farmacêutica brasileira EMS já se prepara para lançar sua versão da semaglutida assim que a patente expirar, prevista para o segundo semestre de 2026.
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