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11 de ago 2025

Jovens chineses simulam empregos para enfrentar a crise de desemprego crescente

Jovens chineses buscam simulações de trabalho para enfrentar o desemprego, mantendo a disciplina e a interação social em ambientes controlados

Shui Zhou paga para entrar em um escritório todos os dias - Foto: BBC

Shui Zhou paga para entrar em um escritório todos os dias - Foto: BBC

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A China enfrenta um aumento alarmante no desemprego juvenil, que já ultrapassa 14%. Para lidar com essa situação, jovens têm buscado alternativas inusitadas, como pagar para frequentar escritórios que simulam ambientes de trabalho. Essa prática, que se espalha por cidades como Shenzhen, Xangai e Nanjing, visa proporcionar disciplina e interação social.

Em Dongguan, a cerca de 114 km de Hong Kong, jovens desembolsam cerca de 30 yuans por dia (aproximadamente R$ 22,80) para acessar espaços como o Pretend To Work Company. Nesses locais, os participantes utilizam computadores para procurar emprego, desenvolver negócios próprios ou realizar trabalhos temporários. As estruturas oferecem internet, salas de reunião e, em alguns casos, refeições inclusas.

Perfil dos Frequentadores

Cerca de 40% dos usuários são recém-formados que precisam de provas de estágio para concluir seus cursos. O restante é composto por freelancers e nômades digitais, como escritores e trabalhadores de empresas de e-commerce. Segundo Christian Yao, professor da Victoria University of Wellington, essa prática reflete a frustração dos jovens diante da escassez de vagas e a desconexão entre a formação acadêmica e as exigências do mercado.

Os frequentadores relatam que a rotina nesses escritórios ajuda a manter a disciplina e o bem-estar. Muitos fazem amizades e enviam fotos do "trabalho" para tranquilizar familiares. Embora esses jovens sejam classificados como parte do grupo de "profissionais com emprego flexível", a viabilidade financeira desses espaços ainda é incerta. Administradores reconhecem que, em alguns casos, essa experiência pode servir como um ponto de partida para uma carreira real.

A Experiência de Trabalho Simulado

Shui Zhou, de 30 anos, é um exemplo. Após o fracasso de um negócio em 2024, ele começou a frequentar um escritório simulado em abril deste ano. Zhou paga 30 yuans por dia e se sente mais feliz e produtivo. Ele destaca que a interação com outros "colegas" cria um ambiente de trabalho colaborativo.

Em Xangai, Xiaowen Tang, de 23 anos, alugou um espaço em um escritório simulado para conseguir provas de estágio. Ela utiliza o local para escrever romances online e ganhar algum dinheiro. Essa prática, segundo Biao Xiang, diretor do Max Planck Institute for Social Anthropology, surge de um sentimento de frustração e impotência diante da falta de oportunidades.

O proprietário do Pretend To Work Company em Dongguan, conhecido como Feiyu, afirma que seu negócio oferece mais do que um espaço de trabalho; ele proporciona dignidade aos jovens que se sentem inúteis. Ele mesmo enfrentou dificuldades após o fechamento de seu comércio durante a pandemia. A demanda por esses espaços é alta, com todos os postos ocupados rapidamente.

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