20 de mai 2025
World Athletics impõe teste de saliva para verificar sexo biológico de atletas femininas
World Athletics impõe teste de saliva para verificar sexo biológico de atletas, gerando polêmica sobre ética e inclusão no esporte feminino.
Caster Semenya corre na final dos 800 m nos Jogos do Rio (Foto: Pedro Ugarte/AFP)
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A World Athletics anunciou a exigência de um teste de saliva para verificar o sexo biológico de todas as atletas femininas, incluindo aquelas com Distúrbios de Diferenciação Sexual (DDS). A medida, divulgada no final de março, visa garantir a integridade das competições, segundo o presidente da federação, Sebastian Coe. A iniciativa gerou polêmica, especialmente em relação à inclusão de atletas transgêneros que passaram pela puberdade masculina.
Em 2023, a federação já havia restringido a participação de atletas trans em competições femininas. Com a nova regra, a World Athletics também se volta para as atletas com DDS, que podem ter características biológicas que complicam a definição de gênero. O teste de saliva busca identificar a presença do gene SRY, que indica o cromossomo Y, responsável pela determinação do sexo masculino.
A prática de verificação de sexo no esporte não é nova. Desde os anos 1960, entidades esportivas adotaram métodos de teste, que variaram de exames invasivos a análises genéticas. O teste atual, baseado na reação em cadeia da polimerase (PCR), é considerado menos invasivo, mas ainda levanta questões éticas e científicas. Especialistas, como a bióloga Carolina Barros, alertam que a presença do gene SRY não necessariamente implica em vantagens atléticas, uma vez que algumas mulheres com esse gene podem ser imunes aos efeitos da testosterona.
A espanhola María José Martínez Patiño, que enfrentou discriminação em sua carreira devido a testes de sexo, criticou a nova política. Ela defende a necessidade de diferenciar entre mulheres trans e aquelas com DDS, afirmando que a atual normativa pode prejudicar futuras gerações de atletas. A pesquisadora Blair Hamilton também questionou a eficácia da medida, argumentando que não há evidências que justifiquem a regulamentação de um grupo inteiro de competidores.
A World Athletics, em resposta às críticas, afirmou que o teste SRY é apenas uma triagem. Atletas com resultados positivos poderão demonstrar insensibilidade completa aos andrógenos, permitindo sua participação na categoria feminina. A federação também impõe um limite de testosterona para atletas com DDS, que deve ser inferior a 2,5 nmol/L por 24 meses antes da competição. O caso da sul-africana Caster Semenya, que já enfrentou restrições devido ao hiperandrogenismo, exemplifica as complexidades que envolvem a regulamentação do sexo no esporte.
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