30 de mar 2025
Livros do mês: a nova viticultura da Bretanha e reflexões sobre o vinho
Novos vignerons na Bretanha estão transformando a viticultura local, explorando o potencial do terroir e a demanda por vinhos autênticos.
Foto: Reprodução
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O renascimento da viticultura na Bretanha é um fenômeno recente que desafia a imagem tradicional da região como uma terra não-viticultora. Embora a vigne tenha surgido na Bretanha com as primeiras fundações monásticas, o clima local, segundo o historiador Guy Saindrenan, não é inferior ao da Champagne. Nos últimos anos, novos vinhateiros têm explorado o potencial da região, impulsionados pelo aquecimento global e pela crescente demanda por vinhos com identidade própria. A jornalista Julie Reux destaca quatorze vinícolas que exemplificam essa diversidade e a paixão dos pioneiros, enquanto as fotografias de Antonin Bonnet capturam a determinação desses produtores.
Em um contexto mais amplo, o livro de Sandrine Goeyvaerts, intitulado "Cher pinard: um gosto de revolução em nossos canons", provoca reflexões sobre o gosto e os preconceitos associados ao vinho. Apesar de suas críticas ao patriarcado e ao uso da escrita inclusiva, Goeyvaerts defende uma visão que desafia as normas tradicionais, incentivando uma apreciação mais ampla do vinho, incluindo variedades de cépages híbridos. Sua abordagem radical pode incomodar, mas busca libertar o vinho das limitações impostas por preconceitos.
Por outro lado, a obra "Antidote à la barbarie", de Robert de Goulaine, reeditada em 2002, é uma viagem literária que explora vinhos raros e desaparecidos. O autor, que viveu como um "homem do XVIII século", leva o leitor a lugares como a Hungria, a Rússia e o Líbano, entre outros, revelando a rica tapeçaria cultural que envolve a viticultura. Através de suas histórias e anedotas, Goulaine conecta o vinho à memória da civilização, ressaltando que "mais se celebra Dionysos e a dive bouteille, menos se torna barbare".
Essas obras refletem um momento de transformação no mundo do vinho, onde a Bretanha se afirma como um novo espaço de experimentação e criatividade. Os novos vinhateiros, apoiados por um público em busca de autenticidade, estão moldando um futuro promissor para a viticultura na região, enquanto debates sobre tradição e inovação continuam a enriquecer a discussão sobre o que significa apreciar um bom vinho.
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