Cabernet Sauvignon do Chile ganha nova abordagem com foco em elegância e frescor

Os vinhos Cabernet Sauvignon do Chile estão passando por uma transformação significativa. Tradicionalmente, eram conhecidos por seu caráter encorpado e amadeirado, influenciados pela “parkerização”, um fenômeno que começou nos anos 90, quando as vinícolas adaptaram seus produtos às preferências do crítico Robert Parker. No entanto, essa tendência está mudando.

Vinícolas como De Martino estão produzindo vinhos mais elegantes e sutis. O De Martino Cuvée 2022, por exemplo, recebeu 98 pontos do Guia Descochados 2025 e se destacou entre os melhores tintos do Chile. A mudança de estilo reflete uma busca por vinhos que sejam mais fáceis de beber e que expressem a origem das uvas.

O sócio da Berkamann Wine Cellars Brasil, Paulo Brammer, observa que, antes da “parkerização”, os vinhos chilenos eram mais suaves, com teor alcoólico em torno de 12%. O De Martino Cuvée 2022 apresenta uma cor menos profunda e notas de frutas vermelhas, com taninos finos e frescor, tornando-o um convite para novas taças.

Mudança de Paradigma

Marco De Martino, da vinícola homônima, destaca que o trabalho na produção é delicado, sem adição de químicos. “Buscamos a elegância, fineza e frescor”, afirma. Essa abordagem artesanal resulta em vinhos que têm potencial de guarda, mas que também estão prontos para consumo imediato.

Mateus Turner, brand manager do grupo LVMH, também nota essa mudança. Ele afirma que tanto no Chile quanto na Argentina, as vinícolas estão percebendo a importância da acidez e da gastronomia, criando vinhos mais elegantes que não precisam ser acompanhados apenas por pratos pesados.

Desafios para Consumidores

Apesar da recepção positiva entre críticos, consumidores tradicionais podem ter dificuldades em aceitar esse novo estilo. De Martino menciona que muitos preferem vinhos mais estruturados, como Don Melchor e Alma Viva. O De Martino Cuvée 2022 custa R$ 1.400,00, o que pode ser um desafio para quem não espera um vinho tão delicado nessa faixa de preço.

Brammer acredita que haverá uma curva de aprendizado para os consumidores. “Na próxima década, encontraremos mais exemplares que sigam essa linha”, aposta. A evolução dos vinhos Cabernet Sauvignon do Chile aponta para um futuro mais diversificado e acessível.