Geleiras perdem três piscinas olímpicas de gelo por segundo e ameaçam 2 bilhões de pessoas

A Organização Meteorológica Mundial (OMM) alertou que o derretimento acelerado das geleiras pode desencadear uma série de impactos negativos em economias, ecossistemas e comunidades globalmente. Este aviso foi emitido no dia 21 de março, data que marca o Dia Mundial das Geleiras e o início do Ano Internacional da Conservação das Geleiras. A OMM enfatiza que a preservação das geleiras é crucial não apenas para a conservação ambiental, mas também para a sobrevivência econômica e social de diversas regiões, incluindo países distantes das montanhas.

Um estudo internacional publicado na revista Nature revelou que as geleiras do mundo perderam, em média, 273 bilhões de toneladas de gelo anualmente desde 2000, com um aumento de 36% na taxa de perda na última década. A pesquisa, chamada GlaMBIE, mostrou que as geleiras perderam 5% de seu volume total, com perdas mais severas nos Alpes e Pireneus, onde a redução chega a 39%. Cientistas preveem que muitas geleiras em regiões como Canadá, Estados Unidos, Escandinávia e Europa podem não sobreviver ao século XXI.

As consequências do derretimento das geleiras incluem a redução do abastecimento de água, especialmente em regiões da Ásia, onde as geleiras são fontes importantes de água doce. Além disso, a formação de lagos devido ao derretimento pode causar instabilidade em encostas e aumentar o risco de inundações repentinas. O aumento do nível do mar, que atualmente está em 3,5 milímetros por ano, é outra preocupação, já que as geleiras fora da Antártica e Groenlândia têm potencial para elevar o nível do mar em até 35 centímetros.

O relatório da Unesco destaca que dois bilhões de pessoas podem ser afetadas pelo derretimento das geleiras, com dois terços da agricultura irrigada global em risco. A insegurança alimentar já afeta até metade da população em regiões montanhosas de países em desenvolvimento. Nos Estados Unidos, a bacia do Rio Colorado enfrenta seca prolongada, exacerbada por temperaturas mais altas que alteram os padrões de precipitação, aumentando a escassez de água.