28 de mai 2025

Descobertas arqueológicas revelam a vida dos Guarani antes da colonização
Escavações no Rio Grande do Sul revelam práticas agrícolas sofisticadas dos Guarani, destacando o milho como elemento central em sua cultura.
Foto:Reprodução
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Uma pesquisa arqueológica no Rio Grande do Sul trouxe novas evidências sobre os hábitos alimentares e sociais dos Guarani antes da colonização europeia. Escavações no sítio RS-T-114, às margens do Rio Forqueta, revelaram 472 vestígios de plantas carbonizadas, com o milho como elemento central na dieta e em rituais da comunidade.
Os fragmentos foram analisados por arqueólogos da Univates, UFPel e instituições argentinas, indicando que o sítio foi ocupado entre 1324 e 1809. A descoberta mais significativa foi a presença de milho, feijão e mandioca, que, segundo os pesquisadores, foram trazidos da Amazônia, a centenas de quilômetros de distância. O milho representou cerca de 75% dos vestígios encontrados, evidenciando seu papel crucial na alimentação e em cerimônias religiosas.
Cultivo e Rituais
Os Guarani demonstraram um conhecimento avançado de cultivo, identificando três tipos diferentes de milho. Além de ser a base da dieta, o milho era utilizado em rituais, como a festa anual da colheita e cerimônias de passagem para a vida adulta, que incluíam bebidas fermentadas. Os pesquisadores notaram que o sítio apresentava duas áreas distintas: uma com resíduos e outra com objetos cerimoniais, reforçando a importância do milho em momentos de celebração e identidade coletiva.
Durante as escavações, foram encontrados também vestígios de outras plantas, como jerivá, paineira e timbaúva, que tinham usos variados, desde alimentação até medicina. A diversidade de 13 espécies vegetais identificadas mostra um manejo integrado dos recursos naturais e agrícolas pelos Guarani.
Sustentabilidade e Práticas Sociais
Os Guarani não apenas cultivavam, mas também manejavam a floresta de forma sustentável. A paineira fornecia fibras e folhas comestíveis, enquanto a timbaúva era utilizada na pesca e na medicina. O jerivá, além de econômico, tinha um significado espiritual, influenciando práticas culturais e locais de plantio.
Embora a variedade de plantas identificadas seja menor do que a registrada em etnografias recentes, isso se deve ao tipo de vestígios preservados. Futuras análises, como a identificação de fitólitos e amido, podem ampliar a compreensão sobre o uso de raízes e tubérculos na dieta Guarani.
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